DAVID BORGES
Reabilitação. Devastado por 16 anos de guerra civil, que dizimou espécies e quase destruiu a fauna da região, o Parque Nacional da Gorongosa começou a ser reabilitado com o apoio da Fundação Carr. O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, considera o parque um instrumento essencial na estratégia de aproveitamento dos grandes acontecimentos futebolísticos que vão ocorrer na região em 2010: o Mundial na África do Sul e a Taça das Nações em Angola
Parque Nacional é fundamental para atracção de turistas
Na véspera do Dia Nacional de Moçambique, 33 anos depois de Samora Machel se ter dirigido aos "operários e camponeses, trabalhadores das plantações, das serrações e das concessões, trabalhadores das minas, dos caminhos-de-ferro, dos portos e das fábricas, intelectuais, funcionários, estudantes, soldados moçambicanos no exército português, homens, mulheres e jovens", na proclamação da independência nacional, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, abençoou, na Gorongosa, a entrada em vigor do plano de gestão conjunta do Parque Nacional, o principal ex-líbris do país e que já foi um dos mais importantes de África.
Quarta-feira, Armando Guebuza sublinhou a entrada em vigor do plano de gestão conjunta e projectou a importância do Parque Nacional da Gorongosa no quadro do desenvolvimento do turismo e no âmbito do próprio desenvolvimento do país e pediu o reforço da campanha "Made in Mozambique", por forma "a contrariar a tendência de oferecer aos visitantes o que Moçambique não produz, ao mesmo tempo que se esconde o que o país tem, na cultura, nas artes e na gastronomia".
A presença de Guebuza deu força institucional à ligação agora estabelecida entre o Governo de Moçambique, através do Ministério do Turismo, e a Fundação Carr, uma organização filantrópica norte-americana sustentada na riqueza de Gregory Carr, um homem que desenvolveu bem-sucedidas acções no plano das novas tecnologias e que agora gere importantes fundos orientados para a defesa do ambiente e dos direitos humanos e para o apoio às artes.
Gregory Carr, que se confessa apaixonado pela Gorongosa desde a primeira visita ao parque, garante que, "um dia, as actividades económicas organizadas no parque vão constituir a base económica do desenvolvimento do país" e diz que a Gorongosa poderá vir ser o mais importante ponto de turismo ambiental de África.
O plano de reabilitação do Parque Nacional da Gorongosa, iniciado em 2004, depois da estabilização conseguida com o fim da guerra civil em 1992, que devastou espécies e quase destruiu a fauna da região, entra agora, com os fundos disponibilizados pelas duas partes do plano, em fase de aceleração.
O ministro do Turismo, Fernando Sumbana, anunciou a reposição de mais de 300 quilómetros de estradas de acesso e turísticas no interior do parque, a construção de uma ponte sobre o rio Urema e o levantamento de estruturas como um centro de conferências, restaurante, bar, piscina, a criação de um lago artificial e, naturalmente, a reintrodução de espécies animais.
Já a curto prazo, Moçambique pensa enquadrar o Parque Nacional da Gorongosa numa estratégia turística de aproveitamento de grandes acontecimentos futebolísticos que, em 2010, vão ocorrer na região - a Taça das Nações Africanas, em Angola, e o Campeonato do Mundo, na África do Sul.
Diário de Notícias - 29.06.2008