O PARQUE Nacional da Gorongosa (PNG) está desde ontem sob gestão conjunta, no culminar de um entendimento entre o Governo, representado pelo Ministério do Turismo, e a Fundação CARR, uma instituição norte-americana que se compromete a disponibilizar um mínimo de 1.200.000 dólares durante todo o período de vigência do acordo, que é de 20 anos. Moçambique, por seu turno, irá contribuir com o equivalente a 158 mil dólares por um período de pelo menos três anos após a assinatura do entendimento.
Maputo, Quarta-Feira, 25 de Junho de 2008:: Notícias
A consagração deste acordo de gestão conjunta foi testemunhada pelo Presidente da República, Armando Guebuza, e por alguns membros do Conselho de Ministros e do Governo de Sofala. Basicamente, o acordo prevê regras, procedimentos e condições para a gestão conjunta.
Intervindo na ocasião, o Presidente Guebuza afirmou que o acto simbolizava o soerguer de um dos marcos mais importantes do turismo em Moçambique. Disse ainda que, acima de tudo, o acto cristaliza o empenho do Executivo em fazer das áreas de conservação vectores da luta contra a pobreza e pelo desenvolvimento do país.
O Chefe do Estado congratulou-se por este contrato ter lugar numa altura em que aumenta o interesse do turismo internacional por Moçambique, o que se demonstra pelo crescimento dos números de chegadas, crescente investimento nesta área e pela busca de rotas para o fluxo turístico que a realização do CAN/2010, em Angola, e do “Mundial” de futebol, na África do Sul, vão gerar.
“Informados pela arquitectura paradigmática que serve de orientação da nossa acção governativa na gestão de ecossistemas, exortamos os signatários deste acordo a enveredarem pela consolidação de uma relação simbiótica entre os conhecimentos científicos e os saberes e experiências milenares do nosso maravilhoso povo nesta área. Esta forma de agir e de estar vai contribuir para a elevação da auto-estima do nosso povo, para continuar a sentir-se dono dos seus recursos e a alimentar o seu orgulho de que está a dar uma contribuição efectiva ao resto da humanidade”, defendeu Guebuza.
Num outro desenvolvimento, o PR manifestou o seu desapontamento porque em Moçambique “temos a tendência de oferecer aos nossos visitantes o que não produzimos e de produzir o que deles ocultamos, revelando, em certos casos, alguma falta de orgulho pela nossa cultura, arte, pratos típicos e iguarias diversas”. Assim, no entender do Presidente, a campanha Made in Mozambique “só terá sucesso se ela fizer sentido na mente de cada um de nós, nas nossas casas e instituições, como esteio e bandeira da nossa auto-estima”.
O representante da Fundação CARR, Gregory Carr, elogiou, por sua vez, o PNG, que considerou “a jóia de referência” do país. Afirmou que as actividades económicas originadas pelo parque vão um dia constituir a base económica para o desenvolvimento de Moçambique. Disse ainda estar orgulhoso por 98 por cento das pessoas que ali trabalham serem moçambicanas.
Já o Ministro do Turismo, Fernando Sumbana, falou das actividades de destaque nos próximos cinco anos, que incluem a reposição de mais de 300kms de rede de estradas de maneio e turísticas no interior do parque, a construção da ponte sobre o rio Urema e de um centro de conferências, restaurante, bar, piscina e um lago artificial, além da continuação do programa de reintrodução de mais de 4000 animais.
Entretanto, ainda ontem o PR inaugurou um centro de Saúde e uma escola na região de Vinho, construídos com fundos da Fundação CARR, o que se enquadra no princípio da partilha das receitas do parque com as comunidades à sua volta.
Eliseu Bento