Moçambique tem "grandes potencialidades" para se tornar um exportador mundial de biocombustíveis, afirmou quinta-feira em Maputo Edward Hoyt, chefe da equipa que elaborou um relatório sobre o desenvolvimento da indústria em Moçambique.
No entanto, Hoyt, da empresa Ecoenergy, disse que as autoridades devem ter em atenção a distribuição de terras destinadas à sua produção dado o "potencial conflito entre energia e alimentos".
Apresentado num seminário de dois dias sobre a "Estratégia Nacional de Biocombustíveis em Moçambique", a decorrer em Maputo, o documento indica que a produção no país "seria competitiva" tendo em conta "o padrão noutros países" e face às "excelentes condições naturais existentes", além do "crescimento contínuo da procura de etanol" e de biodiesel no mercado internacional.
De acordo com o estudo, Moçambique tem 27 milhões de hectares de terras férteis, cinco milhões dos quais já em produção, a maioria "concentradas nas zonas altas do centro e norte" do país (Inhambane, Zambézia e Niassa).
O documento estima, no entanto, que "as terras de facto disponíveis para o cultivo de biocombustíveis" variem "entre um valor mínimo de 6,5 milhões de hectares e um valor máximo de 15 milhões de hectares".
Como vantagens, o estudo apresenta a redução da factura energética do país (apesar de exportar electricidade e gás natural, Moçambique importa todos os combustíveis que consome), o impulsionamento das "actividades de desenvolvimento rural", a "criação de emprego locais" e a oportunidade que os biocombustíveis representam para Moçambique "assegurar que o desenvolvimento não acarretará danos ambientais significativos".
Os autores do estudo recomendam ao Governo moçambicano que, numa primeira fase, fomente a criação de um mercado doméstico "gerando a procura de etanol e biodiesel para os transportes e fins industriais que actualmente utilizam a gasolina e o diesel", bem como explore "maneiras de vincular a produção de biocombustíveis e as exportações com o acesso à tecnologia e ao investimento no contexto dos acordos bilaterais de cooperação".
O executivo é ainda aconselhado a "promover vários culturas de matérias-primas" destinadas à produção de biocombustíveis para "limitar impactos dramáticos de preços que afectariam especialmente os mais pobres". (macauhub) - 20.06.2008