AS comunidades do distrito de Nampula-Rapale, província de Nampula, contestam os moldes vigentes de distribuição do gado bovino adquirido pelas autoridades governamentais locais destinado à promoção de actividades agro-pecuárias. Por outro lado, consideram que o valor de cerca de treze mil meticais fixado para a compra de cada cabeça é inconciliável com o seu nível financeiro e de criadores que estão a iniciar a actividade.
Maputo, Segunda-Feira, 28 de Julho de 2008:: Notícias
A nossa Reportagem esteve há dias naquele distrito e abordou alguns criadores de gado bovino e produtores agrícolas tendo na ocasião apontado que concorreram para a aquisição dos animais com o propósito de criar capacidades em termos de tracção visando aumentar as suas áreas de cultivo e, consequentemente, ver incrementados os volumes de produção, em resposta aos apelos do Governo enquadrados nos esforços de prevenção da carência de alimentos.
Referiram que o período de amortização do valor de compra de cada animal fixado em um ano deve ser dilatado uma vez que cada cabeça é de idade inferior, não sendo possível no tão curto período treina-los para actividades de tracção para as práticas agrícolas e muito menos abater para a comercialização.
Entretanto, outro ponto que inquieta as comunidades é o critério usado na distribuição das 60 cabeças de gado bovino alegadamente porque houve favorecimento em relação aos beneficiários que foram na sua maioria funcionários públicos recém chegados ao distrito de Nampula-Rapale e incompreensivelmente integrados no conselho consultivo local, em detrimento das pessoas com vocação na criação e prática de actividades agrícolas que concorreram.
Soubemos na ocasião que funcionários dos serviços de Planeamento Físico, Saúde e Educação receberam cada um cinco cabeças, para além do administrador-cessante daquele distrito Augusto Ferro, se beneficiou de 24 animais que se encontram na localidade de Naphome. Com efeito, questionam como é que o administrador-cessante de Nampula-Rapale, vai amortizar em um ano o valor de 309.600 mil meticais custo real das 24 cabeças de gado.
No entender das comunidades o processo foi manchado por manifestações de favoritismo na selecção dos beneficiários dado vez que os mesmos depois de beneficiar da distribuição do gado transferiram-no para os distritos de origem, situação que remete Nampula-Rapale numa situação de inferioridade em termos de efectivos de gado bovino apesar do esforço do Governo provincial para o repovoamento.
Reagindo às inquietações das comunidades, Alfredo Machaeie, chefe dos Serviços Distritais de Actividades Económicas em Nampula-Rapale, explicou que o gado foi adquirido através dos fundos de financiamento de iniciativas locais, vulgo sete milhões visando promover o repovoamento da espécie bovina e da técnica de tracção animal na agricultura. Referiu que foi lançado um concurso público em finais do ano passado ganho por uma empresa sediada na província vizinha da Zambézia denominada ZAP, que procedeu a entrega dos animais o mês passado.
Aquele responsável acrescentou que o valor de 12.900 meticais fixado para venda de cada animal não é alto, pois inclui o transporte da Zambézia para a província de Nampula, bem como o tratamento contra possíveis doenças de que possam padecer durante o período de quarentena que deve ser observado obrigatoriamente.
Sobre as 24 cabeças que o administrador-cessante, Augusto Ferro, terá recebido de forma ilícita, Alfredo Machaeie escusou-se a comentar este assunto por se julgar pessoa sem direito para o efeito. No entanto, refutou as alegações de que haja favorecimento no processo de selecção dos beneficiários dos animais, que segundo apuramos no local já começaram a morrer por razões até aqui desconhecidas.