Maputo, Quinta-Feira, 24 de Julho de 2008:: Notícias
A maior desgraça da língua portuguesa é ter mais do que uma ortografia, segundo sentenciou recentemente o professor Fernando Cristóvão, autor do livro "Da Lusitanidade à Lusofonia", disponível no mercado livreiro português.
"Fazemos parte de uma comunidade em que tudo deve ser comum, a começar pela língua. Só que nenhuma língua tem duas ortografias e só a nossa tem essa desgraça", sustentou Fernando Cristóvão, professor jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, numa entrevista à LUSA.
Na obra lançada, numa edição da Almedina, Fernando Cristóvão reflecte sobre o ensino, difusão e património da língua portuguesa, apresentando ensaios e conferências proferidas em Lisboa, Recife (Brasil), Paris, Mérida (Espanha), Japão, China e Índia, entre 1983 e 2007.
"É também uma reflexão acerca da nação portuguesa, da nacionalidade, da língua portuguesa e da expansão da língua portuguesa", salientou.
Fernando Cristóvão, que presidiu ao antigo Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICALP), antecessor do Instituto Camões, defende que a língua portuguesa "não é património de Portugal".
"Ela pertence a todos os lusófonos. Nós, os portugueses, não somos donos da língua, somos condóminos, com mais sete (países), de uma língua que é comum, embora respeitando as variedades", acrescentou.
Para Fernando Cristóvão "as variedades da língua portuguesa não prejudicam a unidade", a qual, considerou, "é feita num patamar superior".
Defensor do Acordo Ortográfico, Fernando Cristóvão recordou ter sido um dos subscritores do documento no Rio de Janeiro, e disse "lamentar muito a ignorância, e às vezes um bocadinho de má-fé que andou por aí a confundir ortografia com língua".
Paralelamente ao lançamento do livro, na Fundação Cidade de Lisboa, será feita a apresentação pública dos Estatutos do Observatório da Língua Portuguesa.