O EXECUTIVO de Maputo não conseguiu mobilizar vinte mil dólares para operacionalizar um plano apresentado por especialistas do Museu da História Natural nos meados de 2006, que visava o abate e erradicação do corvo indiano que invadiu a capital em finais de 2005.
Maputo, Sábado, 30 de Agosto de 2008:: Notícias
Na altura, falava-se apenas de alguns pares daquelas aves de rapina na zona militar, Mercado Janet, Sommerschield e Praça Robert Mugabe, mas agora calcula-se em centenas e estão a conquistar mais áreas, o que já está a criar alguns problemas na capital.
São aves exóticas com uma grande capacidade de reprodução (um corvo pode reproduzir seis vezes ao ano, com uma ninhada de 4 a 5 crias cada), o que é visto como uma grande ameaça para a sanidade ambiental, para além de carregar consigo o perigo de propagação de doenças como a cólera, visto ser seu habitat preferido o lixo.
Para além da cólera, o corvo indiano pode transportar facilmente bactérias que provocam doenças como entamailes, giadis e sulmanilla, sem contar com outros estragos que estes animais podem proporcionar, entre eles a destruição da rede eléctrica, barulho que pode afugentar turistas.
De acordo com Carlos Bento, investigador do Museu da História Natural, dois anos depois que o estudo foi apresentado ao Conselho Municipal, os custos para o abate já duplicaram e quanto mais tempo se levar difícil ainda se tornará o seu combate, pois a sua população vai aumentando e os custos vão ficando mais elevados.
“Quando realizamos o estudo de erradicação do corvo indiano há dois anos eram necessários vinte mil dólares para mobilizar recursos e organizar equipas que se encarregariam de fazer o abate. Na altura, os animais estavam em pontos muito bem localizados e era mais fácil fazer o abate através da combinação de diferentes métodos e com o envolvimento de alguns sectores como a Polícia da República de Moçambique, Polícia Municipal, Exército, Veterinária, Universidade Eduardo Mondlane, MICOA, órgãos de informação, entre outros, mas de lá para cá nada foi feito por parte da edilidade. Nós tínhamos a responsabilidade de garantir a parte da mobilização, explicando as pessoas sobre o que iria acontecer, bem como recolher todas as informações para a criação de um banco de dados sobre o que iria acontecer”, disse Bento, para quem daqui a dois ou quatro anos a cidade de Maputo vai se tornar insuportável com a multiplicação dos corvos caso as autoridades não tomem medidas apropriadas enquanto é tempo.
Entretanto, João Schwalbach, vereador da Saúde e Salubridade no Conselho Municipal de Maputo, disse que desde a aprovação do plano a esta parte o Executivo tem estado a procurar mobilizar os fundos, mas ainda não conseguiu arranjar o dinheiro necessário para fazer andar esta iniciativa.
Reconheceu que a multiplicação daquelas aves representa um grande perigo para a cidade de Maputo e tem consciência de que os custos estão a aumentar com o passar do tempo, mas, conforme deixou claro, nada se pode fazer sem dinheiro.
“Sabemos o que isto representa em termos de prejuízo, mas sem dinheiro nada podemos fazer. São animais que facilmente propagam doenças e criam desconforto para os turistas porque fazem muito barulho, mas não podemos fazer nada sem fundos”, lamentou Schwalbach, sem dar qualquer perspectiva de solução para este problema.
Antes da cidade de Maputo o corvo indiano já vinha criando pânico na Ilha da Inhaca, onde estão espalhados em toda a parte, com maior concentração no bairro Ribiene. Um estudo foi realizado em 1998, mas nada foi feito até ao momento. Informações dão conta da presença desta ave nas cidades da Beira e Nampula, havendo a necessidade de uma acção coordenada para a sua erradicação.
NOTA:
Tudo isto é balela: basta acabar com o lixo. Simples!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Veja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2006/06/depois_de_maput.html