A pintora moçambicana Bertina Lopes, que se encontra a residir na Itália há mais de quatro décadas, apresenta, a partir deste sábado, na Fortezza da Basso, em Florença, Itália, a sua mais recente exposição individual intitulada “A força maior de uma revolução é o amor”.
Para Bertina Lopes, amor e paixão são sinónimos de revolução e evolução. Actualmente dona de um sucesso invejável na arena internacional, a pintora Bertina Lopes nasceu em Maputo. Filha de mãe africana e de pai português, Bertina Lopes reúne em si as origens e a integração de povos, culturas e continentes que hoje caracterizam a sua personalidade humana e artística.
“O amor é também paixão – lê-se no catálogo da exposição –, é o sentimento que faz desfalecer e transformar, é a revolução por excelência que te faz ser tu e o outro no mesmo instante. E é também o amor de uma vida que continua, no caso dela, há mais de quarenta anos”.
Para Bertina, amor e paixão são sinónimos de revolução e evolução assim como nas tantas fases que têm caracterizado a sua arte, desde o figurativo ao abstracto, desde as técnicas tradicionais aos materiais novos e eversivos.
Com a sua arte a mensagem de Bertina irrompe com força entre as pessoas, envolve o espectador, fala uma língua universal que transmite valores universais. A ajuda para os mais fracos, a luta contra a fome, o repúdio à guerra, a revolta contra cada forma de violência, a emancipação da mulher, são os temas que atravessam as suas obras e que marcam também “A força maior de uma revolução é o amor”, na Fortezza da Basso, uma fortaleza construída pela família Médicis, no século XVI, e que hoje hospeda as mais prestigiadas exposições da cidade de Florença.
Depois de frequentar a escola em Moçambique, a artista completou os seus estudos em Lisboa, onde obteve um diploma do curso de pintura e escultura. Bertina Lopes regressou a Moçambique em 1953 e durante nove anos leccionou desenho numa escola técnica.
Os contactos com a poesia de Noémia de Sousa e com José Craveirinha influenciam a sua sensibilidade artística e as suas motivações, daí que a sua pintura tenha assumido, nessa época, um carácter de violenta denúncia social. O peso da situação colonial salazarista fez com que, após uma bolsa da Fundação Gulbenkian para estudar cerâmica em Portugal com Oueribum Lapa, resolvesse não regressar a Moçambique. Em 1963, obtida nova bolsa da Gulbenkian, Bertina Lopes deixou Portugal e foi para Roma, onde vive até hoje. Em Roma, entrou em contacto com artistas como Marino Marino e Renato Guttuso. A sua primeira exposição foi em Roma, na galeria “Astrolabio”, e a partir daí as suas obras têm dado volta ao mundo: Portugal, Luxemburgo, Espanha, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Estados Unidos, Brasil, Arábia Saudita, ex-União Soviética, Grécia.
Em 1975, recebeu a seu primeiro prémio internacional de pintura em Corfú, do Centro Internacional de Arte e Cultura Mediterrânica. Em 1988, a União Europeia dos Críticos de Arte outorga-lhe a “Grand Prix d’Honneur” e, em 1991, recebeu o “Prémio Mundial Carson”, da Rachel Memorial Foundation de Nova Iorque, pelos seus méritos artísticos e humanitários e pela sua fidelidade às origens africanas. Recentemente, na Sala do Cenáculo da Câmara de Deputados de Roma, Bertina Lopes recebeu o prémio internacional “La Plejade” para a Arte.
De referir que a Fortezza da Basso (fortaleza) foi mandada construir pela família Médici, no séc. XVI. Actualmente, a Fortezza hospeda as mais prestigiadas exposições da cidade de Florença.
SAVANA - 22.08.2008