Crónica
Muitos telespectadores terão ficado menos ou mais esclarecidos com as explicações dadas na TVS, horas depois da assinatura do acordo para a construção dessa infra-estrutura pela equipa de acompanhamento dos grandes projectos de desenvolvimento do País.
Os telespectadores ficaram a saber que os rendimentos petrolíferos em SãoTomé e Príncipe são menos promissores para o país em relação ao Porto de Águas Profundas. Com ou sem petróleo, entendeu-se que os seus rendimentos são para pessoas ligadas aos dossiers petróleo.
Ficaram a saber que o Porto de Águas Profundas trás maiores rendimentos directos para os são-tomenses a partir de 2016. Supõe-se ser muito mais tarde ainda de 2016, se até lá não aparecer outro projecto mais rentável.
O Petróleo em 1998/99 servia de esperança para os são-tomenses. Passados dez anos, só existe para alguns receberem directamente o seus rendimentos. Migalhas foram espalhadas por aqui e acolá enquanto que os verdadeiros rendimentos ficam na situação de incerteza. O povo pode tirar esperanças no petróleo. O cidadão comum pode também tirar esperança nas zonas francas. Vai tudo ficar na falência.
Tudo porque há 1 de Agosto de 2008, surgiu o projecto de maior esperança para os são-tomenses. Aquilo que Fradique Menezes chamou histórico para SãoTomé e Príncipe: Porto de Águas Profundas em Fernão
Dias. Lembre-se que a assinatura do tratado entre STP e a Nigéria para a exploração conjunta do petróleo, também foi histórico para SãoTomé e Príncipe.
Zona Franca, Petróleo, Turismo só para alguns são-tomenses. Para os são-tomenses, quiçá, para o povo só com o Porto de Águas Profundas, ampliação e modernização do Aeroporto Internacional, novo Sistema de
Telecomunicações e novos projectos de Energia e Água.
Até 2016, a comissão técnica de acompanhamento desses grandes projectos em carteira foi constituída para ter o controlo preliminar das coisas económicas mais importantes de momento. Nem que o povo fique um século à espera para vender/escoar os seus produtos ou começar a usufruir dos efeitos benéficos da independência, não está em questão.
Até 2016 já se sobreviveu financeiramente que se farta e nem as premissas desta data irão aparecer porque depois dela seguir-se-ão outras até 2073. Os são-tomenses terão de esperar, pelo menos, mais dois séculos para escoar/vender (verdadeiramente) os seus produtos!
Quem irá explorar o primeiro Porto de Águas Profundas para tirar os seus investimentos terão assim "mãos leves" em favor dos negócios são-tomenses!?
Para começar, far-se-ia uma pergunta que não deveria ser feita. Quem irá beneficiar da expropriação dos 40 hectares da área em terra reservada para o referido porto? O Estado são-tomense ou alguns que receberam áreas do território nacional, por influência política? O Estado receberá alguma compensação financeira depois da ocupação dos 40 hectares de terra durante os 65 anos!
Em 2073, as infra-estruturas do Porto de Águas Profundas de Fernão Dias já terão sido "engolidos" pelo mar atlântico. Com o aquecimento da terra os glaciares, até lá, terão ficado em estado líquido e como será o nível dos oceanos em todos os continentes? E no caso das ilhas que a água do mar vem invadindo a grandes velocidades?
E se isso for profético, haverá necessidade de construção de um novo porto de águas profundas com outras tecnologias. SãoTomé e Príncipe correrá o risco de voltar à estaca zero enquanto outros países estiverem a desenvolver novas tecnologias nessa infra-estrutura? Até lá, a nova geração estará avisada e bem preparada!
Hanek
O PARVO - 15.08.2008
In http://www.cstome.net/oparvo/Esperança.htm