O PRESIDENTE zimbabweano, Robert Mugabe, afirmou que iria formar um Governo no Zimbabwe, apesar da ausência de um acordo de partilha do poder com a oposição, que entretanto, avisou que não participará nesse Executivo, enquanto as negociações não forem concluídas.
Maputo, Quinta-Feira, 28 de Agosto de 2008:: Notícias
“Em breve iremos nomear um Governo”, garantiu o Presidente ao jornal diário “The Herald”, na sua edição de ontem, um dia depois da sessão inaugural do Parlamento em que Mugabe foi apupado pelos parlamentares do Movimento para a Mudança Democrática (MDC). “Aparentemente, o MDC não quer fazer parte (do Governo)”, adiantou o Presidente eleito numa segunda volta eleitoral contestada e na ausência do seu rival do MDC, Morgan Tsvangirai, o mais votado na primeira volta.
“Desta vez, eles (o MDC) ouviram a promessa dos britânicos de que as sanções serão ainda mais devastadoras e que em seis meses o Governo se afundará”, afirmou Robert Mugabe. O Presidente zimbabweano denuncia o seu Governo cessante como o “pior da história do país”. “Eles consideram-se o centro de tudo, não podemos confiar neles. Enfim, não em todos”, afirmou o Presidente relativamente aos ministros, garantindo que vai nomear pessoas prontas a “trabalhar para o país”.
As duas formações da oposição do Zimbabwe recusaram ontem participar num Governo formado por Mugabe, enquanto as negociações para a partilha de poder não estiverem concluídas. “É evidente que se (Mugabe) quer anunciar um novo Governo isso será considerado uma declaração de guerra contra o povo”, afirmou Nelson Chamisa, porta-voz do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), dirigido por Morgan Tsvangirai. “(Mugabe) pensa que nos está a pressionar quando diz que vai formar um Governo em breve. Mas nós recusamos qualquer participação num Governo que seja em benefício pessoal (...)”, afirmou Chamisa.
“Temos o tempo do nosso lado, temos o povo connosco”, advertiu.
A facção dissidente do MDC que, com os seus 10 deputados eleitos, pode fazer maioria no Parlamento com o MDC ou, aliando-se à União Nacional Africana - Frente Patriótica (ZANU-PF) manterá maioritário o partido de Mugabe, recusou também fazer parte do Governo, apesar de ter havido um acordo, numa primeira fase, com o Chefe do Estado, durante as negociações.
Dos 210 deputados, 100 pertencem ao MDC, 99 à ZANU-PF, 10 à facção dissidente do MDC, havendo ainda um independente.
“O que nós esperamos é a conclusão do diálogo e a formação de um governo de transição com Mugabe e Tsvangirai”, disse o porta-voz da facção dissidente do MDC, Edwin Mushoriwa. O Governo e a oposição encetaram negociações há várias semanas para uma partilha de poder, mas as conversações estão num impasse desde meados deste mês.