Mais de vinte mil garimpeiros ilegais congoleses foram expulsos de Angola nas últimas duas semanas e o presidente da câmara de Lutembo, no sudoeste da República Democrática do Congo (RDC), disse que uma epidemia de febre amarela, que já resultou em dez mortes, está alastrar entre os deportados.
O hospital local não tem recursos para lidar com a situação e as Nações Unidas dizem que estão a tentar chegar à região de helicóptero para avaliar a crise.
As deportações tinham sido suspensas depois de um acordo entre a RDC e Angola. Segundo a rádio privada RTG@, em Kinshasa, as autoridades angolanas “habituaram-se a repatriar à força cidadãos congoleses cada vez que se prepara um evento político importante, como as legislativas de Setembro próximo."
Em entrevista aos nossos serviços Alberto Tunga, secretário executivo do Conselho Coordenador dos Direitos Humanos, um órgão que congrega 25 ONGs angolanas, disse que, em consultas no mês passado com o comando da Polícia do seu país, tinha sido informado sobre esta última vaga de deportações.
“Os representantes do comando da Polícia Nacional tinham no mês passado dito que, dentro do seu processo legal, pensavam realizar uma segunda missão do Processo Brilhante, o nome de uma operação de deportação no ano passado”, especificou.
Alberto Tunga salientou que esta medida seria “bem vinda se fosse feita com cautela e respeito pelos direitos humanos.
Responsabilidades
"É necessária mais transparência quanto à maneira como estas pessoas estão a ser tratadas pela Polícia e pelo Exército de Angola”, considerou.
“Cabe às ONGs e à sociedade civil veicular ao governo a mensagem de que não iremos tolerar que algo negativo seja contado em relação a violações de direitos humanos pois, se o governo está a ser difamado, então também o povo angolano o está a ser”, rematou.
BBC - 29.09.2008