Walter dos Santos
enviado da BBC para África, em Luanda
Em Angola, o partido no poder, o MPLA, vai a caminho de uma vitória esmagadora nas segundas eleições legislativas do país. O pleito, que foi realizado na sexta-feira e no sábado, contou com o concurso de 14 partidos e coligações políticas.
Ontem à noite, na última contagem provisória tornada pública pela Comissão Nacional de Eleições, o MPLA detinha mais de 80% dos votos - com a UNITA, o maior partido da oposição, a quedar-se pelos 10% e os restantes votos distribuídos pelos outros 12 concorrentes.
Estavam contados pouco mais de dois terços dos votos. A maior parte das missões internacionais de observação já deu o seu parecer.
De acordo com o porta-voz da CNE, Adão de Almeida, foram escrutinadas até às 19h18m de domingo, 25mil 739 mesas de votação, representando 67,74% do total.
Reacções
Até ao momento o MPLA contabiliza três 530 mil e 819 votos (81,79%). A próxima actualização da CNE está programada para as 12:00 de segunda-feira.
Reagindo aos resultados provisórios, o líder da UNITA, Isaías Samakuva, disse que o seu partido continuava a aguardar pela parte da CNE uma resposta às questões e apreensões levantadas relativamente à legitimidade deste processo eleitoral.
“Não é possível concluir que todos os votos expressos sejam legítimos. Não se pode garantir que cada eleitor tenha votado uma só vez. O uso de tinta indelével, sem os cadernos eleitorais, é insuficiente para assegurar a transparência do voto”, denunciou.
O deputado cabo-verdiano Armindo Cipriano Maurício, que participou nestas legislativas como observador, disse à BBC discordar com Samakuva na questão da eficácia da tinta indelével.
Questões
“È evidente que ocorreu uma falha técnica relativamente a ausências de cadernos eleitorais de algumas mesas mas isso não colocou todo o processo em causa.
“Do nosso ponto de vista, a questão fundamental foi a da tinta indelével pois cada eleitor perdeu, com a sua aplicação, a possibilidade de votar mais do que uma vez”, concluiu.
Missões como a da SADC e as do Parlamento Pan-africano já deram os parabéns ao povo angolano pelo “elevado nível de acomodação, tolerância e maturidade política demonstradas.”
Ao meio-dia desta segunda-feira, a chefe da missão de observadores da União Europeia, Luisa Morgantini, deverá, também pronunciar-se sobre a legitimidade destas eleições.
BBC - 08.09.2008