Fala amanhã na UEM das “Relações dos movimentos de libertação com a oposição portuguesa”
“As relações dos movimentos de libertação com a oposição portuguesa” será o tema de uma palestra que Pacheco Pereira, professor do I.S.C.T.E. de Lisboa, proferirá amanhã, em Maputo, às 10 horas, no auditório 1501, no Campus Universitário, convidado pela Faculdade de Letras e Ciências Sociais na Universidade Eduardo Mondlane.
Pacheco Pereira está em Maputo a convite da Escola Portuguesa de Moçambique onde a partir de hoje estará em actividades.
Aos 59 anos o professor universitário José Pacheco Pereira é um conhecido historiador, político e comentador político português. Autor de mais de uma dezena de livros as suas investigações historiográficas têm-se debruçado sobre os movimentos clandestinos oposicionistas ao Estado Novo, linha de trabalho no qual se destacam a biografia de Álvaro Cunhal, líder histórico do Partido Comunista Português, e o recente “O Uno dividiu-se em Dois”, análise dos movimentos da extrema-esquerda portuguesa nos anos 1960s, bem como o mais antigo “A Sombra. Estudos sobre a clandestinidade comunista” (1993).
Pacheco Pereira é um destacado militante do Partido Social-Democrata (PSD), tendo sido eleito deputado em três legislaturas. Já foi vice-presidente do Parlamento Europeu durante cinco anos. A militância partidária no PSD não obsta a que seja um dos comentadores políticos mais influentes do seu país, com presença constante nos jornais, estações televisivas e radiofónicas. Nesse âmbito reconhecida é a sua relativa heterodoxia face às sucessivas direcções do seu próprio partido.
Ainda no domínio de comunicação social tornou-se o grande divulgador dos blogs em Portugal, após a abertura em 2003 do seu “Abrupto”, desde então líder de audiências. É ainda conhecido como bibliófilo, sendo corrente a ideia de ser proprietário da maior biblioteca particular portuguesa.
É licenciado em Filosofia, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1978).
É docente [Professor Auxiliar Convidado] no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), tendo também sido docente na Universidade Autónoma de Lisboa.
Como político iniciou, desde cedo, a sua actividade política, militando em movimentos de oposição ao regime anterior à instauração da democracia pós golpe de Estado do 25 de Abril no seu país (nomeadamente o PCP-ML, de inspiração maoísta, de cuja secção Norte foi fundador), tendo vivido algum tempo na clandestinidade.
Em 1984 fundou o Clube da Esquerda Liberal (com os académicos Manuel Villaverde Cabral e João Carlos Espada). Em 1986 apoiou a primeira eleição de Mário Soares.
Mais tarde, já a militar pelo centro-direita, foi deputado pelo Partido Social Democrata durante três legislaturas, tendo sido líder parlamentar e presidente da comissão política distrital de Lisboa deste partido que chegou a ser liderado por Cavaco Silva, actual chefe de Estado português. Foi membro da Delegação da Assembleia da República à Assembleia da NATO e presidente do Subcomité da Europa de Leste e da ex-URSS da Comissão Política da Assembleia do Atlântico Norte. Foi também vice-presidente do Instituto Luso-Árabe para a Cooperação.
Em 1995, foi o cabeça de lista pelo circulo eleitoral de Aveiro. Em 2002, foi cabeça de lista pelo círculo eleitoral do Porto. Por ser na altura deputado europeu, não assumiu o cargo de deputado na Assembleia da República.
Esteve como vice-presidente do Parlamento Europeu entre 1999 e 2004.
É colaborador regular da imprensa escrita (actualmente é cronista do jornal Público e da revista Sábado, tendo sido no passado colaborador do Semanário e do Diário de Notícias) e é comentador político de televisão, no programa Quadratura do Círculo, programa que sucedeu ao Flashback.
Na blogosfera, assina os blogues Abrupto e Estudos sobre o Comunismo.
Entre as obras de Pacheco Pereira destacamos a «As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal: a greve geral de Novembro de 1918 (Portucalense Editora, 1971); Desesperada Esperança e outros textos (Editorial Notícias, 1999); e as biografias de Álvaro Cunhal, Uma Biografia Política. Vol. I: Daniel, O Jovem Revolucionário (1913–1941) (Círculo de Leitores, 1999). Prefaciou vários livros de outros autores, designadamente entre outros, «Mil novecentos e oitenta e quatro», de George Orwell (Moraes, 1984) e «O livro negro do Comunismo: crimes, terror e repressão», de Stéphane Courtois et al. (Quetzal, 1998); e «O poder visto do Porto e o Porto visto do poder», de Carlos Magno (Dividendo, 1998).
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 29.09.2008