Crise zimbabweana
-Relevante papel da SADC
Foi aparentemente quebrado na madrugada de hoje em Harare, o impasse que se registava nas conversações sobre a partilha do poder no Zimbabwe, envolvendo a Zanu-FP de Robert Mugabe, o MDC de Morgan Tsvangirai, e a pequena facção deste Movimento, liderada por Arthur Mutambara.
Desenvolvimento da África Austral organizou a cimeira de Harare depois de Tsvangirai ter boicotado as conversações de há uma semana, na Swazilândia, em protesto pelo atraso na entrega dos seus documentos de viagem pelo governo de Robert Mugabe.
Há sensivelmente seis semanas, líderes regionais vieram a Harare para celebrar a assinatura do acordo de partilha do poder, a 15 de Setembro último, que conferia a Mugabe o direito de continuar Presidente, enquanto a Tsvangirai era atribuído o cargo de Primeiro-Ministro. Só que os dois acabaram por não se entender no tocante ao partido que deveria controlar os Ministérios mais importantes, particularmente o do Interior, que tutela a força policial.
Papel bem sucedido
Pelo resultado alcançado esta madrugada, pode depreender-se que foi bem sucedido o papel desempenhado pelos Presidentes Mottlanthe e Guebuza, o Primeiro-Ministro da Swazilândia, Barnabas Dlamini, e o Ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, Assunção dos Anjos, para
que as partes em conflito chegassem finalmente a acordo, ainda que parcialmente, pois fica em aberto a questão da pasta do Interior.
Antes da cimeira, o antigo Presidente sul-africano e mediador de todo o processo do diálogo, Thabo Mbeki, tinha afirmado que estava «muito optimista» com o estágio das conversações.
«Os progressos são muito bons», disse aos jornalistas, ao desembarcar em Harare.
Por seu turno, o líder da facção dissidente do MDC, Arthur Mutambara, afirmara que esperava da parte do bloco regional uma solução para as divergências na atribuição de postos no novo Gabinete. «As opções são limitadas. Devemos garantir que o acordo de 15 de Setembro funcione.
De modo algum Mugabe pode avançar sozinho, como também Mutambara e Tsvangirai não podem desistir».
Morgan Tsvangirai derrotou Robert Mugabe na primeira volta das eleições presidenciais, em Março, altura em que o MDC também forçou a Zanu-FP a uma posição de minoria no Parlamento, pela primeira vez desde que o Zimbabwe se tornou independente, em 1980. Todavia, Tsvangirai não conquistou o número de votos suficiente para uma vitória logo à primeira volta, vindo a ficar de
fora na segunda, em Junho, acusando o regime de coordenar uma campanha brutal de violência que provocou a morte de mais de 100 apoiantes seus. (AFP)
MATINAL – 28.10.2008
NOTA:
É pena, mas suponho que ninguém de boa fé acreditará que este governo funcione. Enquanto uma pessoa, Robert Mugabe, fôr mais importante que milhões de cidadãos..., nada há a esperar.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE