A qualidade do cacau de são Tomé e Príncipe é de tão grande valor, que por
mais que os teóricos tentem demonstrar que o período dele já acabou, surgem
manifestações claras dos principais consumidores internacionais a desmentir
tais teorias. O mercado internacional desafia o arquipélago a não abandonar o
cacau, apesar da ganância de muitos que só pensam e falam do petróleo. Isso
mesmo aconteceu quarta-feira na comunidade agrícola de Anselmo Andrade. Uma
empresa britânica assinou acordo para comprar todo cacau produzido nas
11 comunidades da região e a bom preço.
A iniciativa da empresa do
Reino Unido da Grâ-Bretanha vem juntar-se a outras já em curso financiadas
por grandes produtores de chocolate mundial. Há mais de 5 anos que dezenas
das antigas roças de São Tomé e Príncipe, foram envolvidas no projecto de
produção do cacau biológico.
Uma produção que privilegia a qualidade do
produto com impacto importante na melhoria do nível de vida dos agricultores.
1 Quilo do cacau biológico que os agricultores vendem directamente para
uma companhia francesa, rende mais de 1 euro por quilo. Nada que
se compare com a produção convencional de cacau cujo quilo não passa de
5 mil dobras.
Com as companhias francesas a assegurarem a compra de
boa parte da produção do cacau biológico, chegou a vez dos britânicos
marcarem presença nas plantações do cacau são-tomense.
11 Comunidades
agrícolas que pertenciam a ex- empresa Água Izé, foram seleccionadas para
integrar o projecto de produção e exportação de cacau para o mercado justo.
Uma produção de qualidade, que vai ser assegurada com o apoio do governo,
através do programa PAPAFPA, financiado pela cooperação internacional. «Vamos
apoiar com formação, com tractores, com a construção de secadores, de maneira
a tirar maior rendimento do vosso trabalho. Os senhores vão ser exportadores
de cacau. É a vossa cooperativa que vai exportar o cacau, quer dizer
que tem de ganhar conhecimento tem de ser treinado para fazer
exportação», afirmou o Primeiro-ministro Rafael Branco, presente na cerimónia
de lançamento do projecto.
Os agricultores das 11 comunidades
agrícolas, que até agora ganhavam menos de 5 mil dobras(cada euro 19 mil
dobras) por cada quilo de cacau vendido a exportadores nacionais, vão ser
formados para gerir a produção e executar a exportação. Já não vai haver
intermediários.
A empresa britânica vai negociar directamente com os
agricultores.
Antes mesmo de começarem a colheita e quebra do cacau para o
mercado justo britânico, os produtores das 11 comunidades vão ser
acompanhados por peritos britânicos que vão orientar os agricultores sobre
as técnicas de produção do cacau de alta qualidade, que mais uma vez
vai distinguir o nome de São Tomé e Príncipe no mercado
internacional.
«Vamos oferecer ao consumidor no reino unido um produto de
cacau de alta qualidade produzido aqui. Também vamos divulgar São Tomé
e Príncipe, como país que está no mercado internacional com um produto de
origem e reconhecido», assegurou o representante da
empresa britânica.
O interesse de grandes companhias internacionais
pelo cacau de São Tomé e Príncipe, é continuamente manifestado. Ainda no ano
passado um grupo de chocolateiros franceses visitou o arquipélago, com
o objectivo de incentivar os agricultores a aumentar a produção do
cacau biológico. Alguns exibiram amostras do chocolate produzido apenas
com o cacau de origem são-tomense. Principais mercados
internacionais buscam o cacau, de um país onde tradicionalmente os teóricos
defendem uma mudança total, porque segundo eles o cacau já deu o que tinha
para dar. Talvez porque a produção do cacau implica trabalho, e o
petróleo cheira dinheiro rápido e fresco, sem verter muito suor na
testa.
Abel Veiga
Tela Non, Quinta-feira, 23 de Outubro 2008 http://www.telanon.