O PRESIDENTE da República
Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, pediu ao seu homólogo angolano, José
Eduardo dos Santos, que intervenha no conflito entre os rebeldes e as forças
governamentais de Kinshasa no leste do país.
Maputo,
Quinta-Feira, 30 de Outubro de 2008
O leste da RDCongo é desde o fim-de-semana palco de
violentos combates, havendo informações de que os rebeldes do Congresso
Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), do general Laurent Nkunda, estão a levar
a melhor.
Foi reportada a fuga de unidades das forças governamentais
congolesas, perante o avanço dos rebeldes sobre Goma, leste do país. A
guerrilha tomou o acampamento militar de Rumangabo e o quartel dos guardas da
reserva nacional de Virunga, no Kivu Norte.
O Ministro da Cooperação Internacional da RDCongo, Raymond
Tshibanda, foi recebido na terça-feira, em Luanda, por José Eduardo dos Santos,
a quem pediu, em nome de Joseph Kabila, que use a sua “sabedoria” de forma a
ajudar a encontrar uma solução para o conflito que opõe Kinshasa e o general
rebelde Laurent Nkunda, no leste da RDCongo.
“Vim pedir apoios ao Presidente José Eduardo dos Santos a
fim de se pôr cobro à difícil situação, pois queremos preservar a soberania da
RDCongo”, disse Tshibanda, citado pela Agência Angolana de Notícias (ANGOP),
sem no entanto especificar o tipo de apoio.
“O Presidente José Eduardo dos Santos é portador de uma
sabedoria reconhecida no continente e no mundo. Escutou atentamente a exposição
que fiz. Mostrou que está a par da situação que se vive na RDCongo e que se
pode empenhar para resolver a situação”, disse o enviado de Kabila a Luanda,
citado pelo “Jornal de Angola”.
O ministro congolês afirmou ainda que as acções dos
“rebeldes armados” continuam a “provocar a morte de um elevado número de pessoas
e o seu deslocamento para regiões mais seguras”.
Raymond Tshibanda defendeu que os problemas que afectam a
parte leste, na província do Kivu Norte, da RDCongo “devem preocupar a
comunidade internacional” e essa é uma das razões pelas quais Joseph Kabila
pede a intervenção do Presidente angolano.
A Presidência da República de Angola não avançou que tipo de
intervenção José Eduardo dos Santos pode protagonizar para pôr fim aos
conflitos entre Kinshasa e os rebeldes de Nkunda.
Angola tem a sua mais extensa fronteira com a RDCongo, a
norte e a leste, e existem informações não confirmadas por Luanda de que um
grupo de militares angolanos integra a guarda pessoal do Presidente Kabila.
Angola é um dos países da SADC que, com o Zimbabwe e
Namíbia, apoiou o Governo do Presidente Laurent Desire Kabila (pai do actual
chefe de Estado) na luta contra os rebeldes.
Recentemente, a SADC indicou, sem entrar em pormenores, que
apoiaria as forças governamentais da RDCongo, por entender que o país está a
ser alvo de uma agressão externa.
Ontem, em Manila, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban
Ki-moon, exigiu o fim imediato das hostilidades na RDCongo entre forças
governamentais e rebeldes, que estão a causar um grande número de deslocados.
Em entrevista em Manila, onde participa do 2º Fórum Global
sobre Migrações e Desenvolvimento, Ki-moon, que se mostrou muito preocupado com
as baixas de civis e refugiados, afirmou que “os combates devem terminar”.
O principal
responsável do organismo mundial revelou que estava em consultas sobre a crise
com os líderes congoleses e a nação vizinha de Ruanda, assim como com altos
representantes africanos e europeus para tentar solucionar pacificamente o
conflito.