Reunião durou até a
madrugada de ontem, mas os participantes não chegaram a um acordo sobre o
Gabinete pactuado há seis semanas.
Os chefes de Estado de África do
Sul, Suazilândia, Angola e Moçambique fracassaram mais uma vez na busca de um
acordo para a formação de um Governo de união nacional no Zimbabwe, na reunião
que tiveram até a madrugada em Harare com representantes dos partidos do país.
A governista União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (Zanu-PF),
do presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, e o oposicionista Movimento por
Mudança Democrática (MDC), liderada por Morgan Tsvangirai, não chegaram a um
acordo sobre o Gabinete pactuado há seis semanas, informaram ontem (28) fontes
dos dois partidos.
O rei da Suazilândia, Mswati III; os presidentes da África do Sul, Kgalema
Motlanthe; de Angola, José Eduardo dos Santos; e de Moçambique, Armando
Guebuza; e o ex-presidente sul-africano e mediador nas negociações, Thabo
Mbeki, não conseguiram pôr a Zanu-PF e o MDC em acordo.
O secretário-geral do MDC, Tendai Biti, disse ontem aos jornalistas que
"não aconteceu nenhum tipo de progresso" nas conversas, nas quais
intervieram os governantes dos países-membros do conselho de Defesa e Segurança
da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Nas conversas, que duraram 13 horas, o único acordo fechado foi a realização de
uma cúpula que contará com a participação dos 15 chefes de Estado e de Governo
da SADC, com o exclusivo objetivo de tentar desbloquear as negociações.
As diferenças essenciais para a formação do Governo estão na distribuição dos
Ministérios de Finanças, Interior (que controla a Polícia) e Justiça, segundo
os próprios partidos. "Durante esta reunião extraordinária, foi
recomendada a realização de uma cúpula com a presença de todos os membros (da
SADC) para revisar a situação política no Zimbabwe com caráter de
urgência", disse à imprensa o secretário-geral da SADC, Tomaz Salomão.
Em comunicado conjunto dos governantes presentes à reunião, destacam que vêem
"com preocupação os desacordos que existem entre as duas partes quanto à
alocação dos diferentes ministérios" e pedem que "os partidos envolvidos
cheguem a um acordo".
Os membros do conselho de Defesa e Segurança da SADC também instaram os
adversários políticos a se comprometerem na busca de uma solução, pois "o
povo do Zimbabwe enfrenta graves problemas que podem ser resolvidos somente
depois da formação do Governo de unidade", disse a nota.
Embora Tsvangirai tenha expressado sua satisfação perante a possibilidade da
realização da cúpula na qual estariam presentes todos os integrantes da SADC, o
Zanu-PF não apoiou a iniciativa, já que os dois partidos deveriam ser capazes
de desbloquear a situação sem a ajuda de mais intermediários.
AFRICA21 – 29.10.2009