Negócio de madeiras em Sofala
- Os preços caíram 150%
Homens de negócios de nacionalidade chinesa são acusados pelos madeireiros na província de Sofala de ditarem as regras na venda da madeira, impondo preços baixos. Este facto foi tornado público na assembleia-geral da Associação de Operadores Florestais (ASOF), realizada há dias na Cidade da Beira.
Rui Gonçalves, presidente da ASOF, disse que a actual situação dos madeireiros é insustentável na medida em que o grosso número dos compradores, composto por chineses, dita os preços baixos, concorrendo, no entanto para a falência de outros operadores.
“O custo de produção da madeira é muito alto, ou seja, o corte, que implica muita movimentação de
máquinas, transporte, combustível e salários, faz com que o operador não tenha dinheiro. Aqui queremos, entre outras saídas, lutarmos contra esta posição dos nossos parceiros, que dão nos o chouriço e levam o porco”, disse. Gonçalves disse que os preços da madeira caíram na ordem de 150 por cento por cada metro cúbico, isso “ é absurdo porque, para além dos custos da operação serem elevados também pagamos as licenças, impostos e outras despesas que com os valores que nos dão, nada ajudam”.
Dividir para reinar
Os empresários chineses quando entraram no mercado madeireiro tanto na zona centro como no norte, foram tidos como melhores pagadores relativamente aos outros homens de negócios estrangeiros, tais como italianos, portugueses e sul africanos. Estes são apontados pelos madeireiros moçambicanos como pessoas que pagavam muito acima da tabela e com adiantamentos.
“Afinal aquela era uma estratégia para retirarem a concorrência, e tomarem o mercado e começarem a ditar as regras como agora estão fazendo”, disse um dos operadores que falou na condição do anonimato.
Para Rui Gonçalves, os chineses estão neste momento a pagar um valor muito baixo que os seus parceiros oferecem.
Na cubicagem da madeira, os chineses usam um método só deles, o que reduz drasticamente o campo de manobra para os nacionais.
“ Estamos preocupados porque desta maneira perdemos a oportunidade de empregar mais gente, e porque os rendimentos se vão baixando, isso terá implicações nos impostos, prejudicando deste modo a economia, concluiu Gonçalves.
(Domingos Bila) – MEDIA FAX – 30.10.2008
NOTA:
Apenas pergunto: Há alguma lei que obrigue a vender, por menos, aos empresários chineses? Suponho que não.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE