CASAS, igrejas e mesquitas foram sábado incendiadas, no
segundo dia de distúrbios pós-eleitorais, em Jos, capital do Estado nigeriano
de Plateau, em incidentes que resultaram na morte de mais de 400 pessoas e
provocaram pelo menos 100 mil refugiados, segundo fontes locais.
Maputo, Segunda-Feira, 1 de Dezembro de 2008
O xeque Khalid Abubakar, imã da
principal mesquita de Jos, afirmou que mais de 400 cadáveres foram levados para
o recinto e que mais de cem poderiam jazer ainda perto do edifício, e
aguardavam pelo enterro.
Uma organização de caridade
muçulmana na cidade de Jos disse ter recolhido mais de 300 corpos e disse
acreditar que tenha havido vítimas fatais também entre cristãos.
Os mortos da comunidade cristã não
foram transportados para a mesquita, fazendo crer que o número de mortos seja
maior.
A violência eclodiu na sexta-feira,
na sequência dos resultados das eleições locais de quinta-feira, tendo muito
rapidamente a situação assumido contornos inter-religiosos, opondo muçulmanos a
cristãos.
Segundo testemunhas, elementos do
grupo étnico Hausa iniciaram protestos sexta-feira, em Jos, após rumores de que
o candidato do Partido de Todos os Povos da Nigéria (ANPP) tinha perdido a
vantagem para o líder do Partido Democrático do Povo (PDP).
O ANPP é considerado uma formação
maioritariamente muçulmana e o PDP de maioria cristã. Esta última formação
política foi declarada vencedora da eleição estadual em Plateau, resultado
contestado pelo ANPP.
O governador do Estado, Jonah Jang,
decretou no sábado um recolher obrigatório de 24 horas em quatro bairros da
cidade e deu ordem ao Exército para disparar contra quem não respeitasse a
medida, segundo a rádio Plateau. “Eles ( a Polícia) têm ordens para atirar para
interromper as hostilidades”, disse fonte governamental.
A Cruz Vermelha nigeriana disse que
pelo menos 100 mil pessoas fugiram das suas casas, temendo a violência.
Estes confrontos foram os mais
graves desde 2004, quando 700 pessoas morreram no Estado de Plateau, num
conflito entre cristãos e muçulmanos. Na altura, foi declarado estado de
emergência na cidade de Yelwa, onde se registou a confrontação.
Em 2001, mais de mil pessoas
morreram em confrontos religiosos na cidade, situada numa região que separa o norte
muçulmano do sul predominantemente cristão.
Correspondentes dizem que a
violência na Nigéria é complexa, mas normalmente é causada pela disputa de
recursos como terra entre aqueles que se consideram nativos e os habitantes
mais recentes.
Em Plateau, os cristãos são
considerados nativos e os muçulmanos os habitantes mais recentes.
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