Aníbal dos Santos Júnior,
"Anibalzinho", líder do grupo que assassinou o jornalista moçambicano
Carlos Cardoso, em Novembro de 2000, fugiu esta manhã, pela terceira vez, da
prisão.
Além de "Anibalzinho"
evadiram-se também das celas do Comando-geral da Polícia da República de
Moçambique (PRM), em Maputo, mais dois reclusos, disse aos jornalistas o
director da Polícia de Investigação Criminal (PIC) de Moçambique, Dias Balate.
Tratam-se de "Todinho",
indiciado na morte do director da Cadeia Central de Maputo, vulgo
"B.O", e "Samito", acusado de prática de uma dezena de
homicídios, entre os quais o assassínio de quatro agentes da polícia e de um
cidadão de origem paquistanesa.
Ambos estavam detidos naquele
estabelecimento prisional há aproximadamente um ano.
Segundo o director da PIC, os
reclusos evadiram-se por "volta das 10:00", quando "abriram as
paredes usando instrumentos contundentes".
A PRM está a investigar os seis
agentes que estavam de serviço, incluindo o chefe do turno, por suspeitar que
estes tenham auxiliado os reclusos a concretizar a fuga.
A polícia moçambicana mostrou aos
jornalistas o minúsculo buraco feito numa sala contígua às quatro celas
existentes, de onde, eventualmente, o trio conseguiu escapar-se.
Nas buscas que se seguiram, a
polícia descobriu apenas uma chave de fendas.
"Foi apanhada uma chave de
fendas. Os técnicos estão a analisar se o material encontrado tem alguma
ligação com a fuga destes três indivíduos", disse Balate.
Segundo aquele responsável, "a
fuga foi às 10h00 e a descoberta foi às 11h00. Alguns populares viram-nos lá
fora".
"Neste momento, os colegas que
estavam de serviço estão a ser ouvidos. A Brigada Técnica está a analisar
aquilo que são os vestígios recolhidos no local e brevemente vamos dar
informação daquilo que aconteceu", acrescentou.
"Anibalzinho", condenado
a cerca de 30 anos de prisão pela sua participação no assassinato do jornalista
Carlos Cardoso, tem no seu currículo outras duas fugas da cadeia de alta
segurança da Machava, a principal de Moçambique.
Entre os anos 2002 e 2004, o
prisioneiro mais famoso do país conseguiu fugir daquela penitenciária, tendo
chegado à África do Sul e ao Canadá, países de onde foi repatriado para
Moçambique.
Desde a sua detenção há quase três
anos nas celas do comando da PRM em Maputo, "Anibalzinho" já viu
frustradas três tentativas de fuga.
No princípio deste ano,
"Anibalzinho" tentou evadir-se da cela, serrando as grades numa
altura em que chovia torrencialmente na cidade de Maputo, mas a sua acção foi
descoberta pela polícia.
Ainda este ano, uma sobrinha de
"Anibalzinho" foi surpreendida na posse de folhas de serra e de graxa
que, escondidas no cesto da comida que levava para o prisioneiro, se
destinariam a retirar as grades da cela.
Em finais de Novembro de 2005,
ainda antes do segundo julgamento, "Anibalzinho" protagonizou também
uma tentativa de fuga, que não resultou, mas que permitiu a evasão de outros
detidos, mais tarde recapturados.
"Anibalzinho", condenado em Janeiro último a 29 anos, 11 meses e cinco dias de prisão por ter chefiado a quadrilha que assassinou Carlos Cardoso, deverá ser expulso para Portugal após cumprir a pena, por ter nacionalidade portuguesa.
Jornal Notícias - 07.12.2008(17H20)