A comissão de inquérito criada para averiguar as circunstâncias da evasão de Aníbal dos Santos Júnior (Anibalzinho), Luís de Jesus Samuel Tomás (Todinho) e Samuel Januário Nhare (Samito) das celas do Comando da Polícia da Cidade de Maputo, aponta a negligência por parte da então direcção da corporação como sendo a razão que permitiu que os três reclusos fugissem da cadeia no passado dia 7 de Dezembro.
As conclusões ontem divulgadas em Maputo por Pedro Cossa, porta-voz do Comando-Geral da Polícia, destacam que o ex-comandante na capital José Tomás, Feliciano Juvane, director da Ordem e Segurança, entretanto assassinado a tiro em Maputo, Clemente Nhacula, que chefiava o Departamento de Protecção e Jorge Torrezão, que respondia pelas celas, tomaram conhecimento atempadamente dos preparativos da fuga do trio mas que não tomaram quaisquer medidas tendentes a reduzir o risco.
“No dia 5 de Dezembro já havia sido produzida uma informação que reportava a apreensão de diversos instrumentos metálicos, mencionava a abertura de um buraco na parede do corredor das celas e a movimentação de Todinho de uma cela para a outra. Porém, a direcção do Comando da PRM da Cidade de Maputo não valorou estes factos, o buraco não foi tapado e nem foi mencionado no relatório de ocorrências diárias, como se impunha”, indica o relatório da comissão de inquérito, composta por quatro membros e liderada por Carlos Comé, director nacional da Polícia de Investigação Criminal.
Mais adiante, a comissão acrescenta que os responsáveis do Comando da Polícia estiveram nos respectivos postos nos dias 6 e 7 de Dezembro, mas não tomaram quaisquer medidas preventivas, nem emitiram instruções para se evitar a fuga, uma vez que já existiam fortes indícios da sua iminente efectivação.
Foi em consequência deste facto que o Ministro do Interior, José Pacheco, ordenou a cessação de funções do então comandante da cidade e do responsável máximo pelo Departamento das Operações, bem como o chefe de Departamento da Protecção e das celas.
José Pacheco nomeou José Weng San para o cargo de comandante da Polícia da cidade e Abdul Nuro como director da Ordem e Segurança, para além de mandar instaurar procedimentos criminal e disciplinar contra os membros da direcção que respondia pelo Comando da Cidade quando da evasão dos três criminosos.
Foram igualmente restituídas à liberdade os seis guardas ora detidos em conexão com a fuga dos três cadastrados por não se ter provado o seu envolvimento nos preparativos e na execução da evasão.