ELEMENTOS das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) afectos à Base Aérea na cidade da Beira atingiram mortalmente, no interior do seu quartel, um antigo juiz que trabalhou entre 1988 e 2002 na cidade da Beira e nos distritos do Búzi e Machanga. As informações sobre as circunstâncias do baleamento de Cipriano Mussa Jacob, de 55 anos de idade, ainda não foram pormenorizadas, sabendo-se apenas de fontes militares que o malogrado, que se encontrava detido naquela unidade militar para uma investigação, teria sido atingido quando alegadamente tentava empreender uma fuga depois de se ter apoderado de uma espingarda.
Informações que nos foram fornecidas pelos familiares do malogrado indicam que o mesmo teria sido detido no passado dia 20 de Dezembro quando passava pela área restrita do quartel do Dondo, vulgo SMO. David Mussa Jacob, filho do malogrado, revelou que o pai lhe ligou numa noite usando o telefone móvel de um militar para contar-lhe o que se tinha passado e que os elementos das FADM desconfiavam do facto de ele possuir um documento de porte e uso de arma de fogo.
“O meu pai já não tinha arma de fogo porque lhe foi retirada quando deixou de exercer as funções de juiz. Ele ficou detido no Dondo e mais tarde transferido para a Base Aérea e foi neste lugar onde foi morto. Atiraram para os seus pés muitas balas e morreu depois de ter perdido muito sangue”.
Moisés Luís, sobrinho do malogrado, disse estranhar as explicações dadas pelos militares sobre as razões que ditaram o baleamento do seu tio. “Mesmo que ele tenha cometido algum crime no mínimo deviam contactar o Ministério Público e as esquadras mais próximas onde ele devia ter cometido tal delito. Acontece, porém, que nem uma instituição sabia disso e ainda mataram o nosso parente e foram guardá-lo na Casa Mortuária sem sequer nos comunicarem. O nosso parente corria o risco de ser enterrado como indigente, porque não se preocuparam em saber se tinha ou não família”.
Cipriano Mussa Jacob trabalhou como juiz nos distritos de Buzi, Machanga e na cidade da Beira, tendo neste último ponto sido afastado em 2002. Os familiares do malogrado disseram que ele esperava por alguma resposta de recurso do processo que interpôs ao Conselho Superior de Magistratura Judicial.
Entretanto, contactado o comandante regional centro das FADM, Francisco Tembo, disse estar informado sobre o caso, tendo acrescentado que tinha sido ele quem fez a comunicação à família sobre o sucedido.