Nas próximas semanas as mexidas atingirão a PIC
...Weng San deixa FIR para tomar conta do comando da cidade de Maputo
...Pedro Cossa engasga-se quando questionado sobre o inquérito da fuga de Anibalzinho e mais dois comparsas
Por Raul Senda
O assassinato do director de Ordem e Segurança Pública no Comando da PRM na cidade de Maputo, na semana passada, está a agitar os altos dirigentes da PRM. Quarta-feira passada, 17 de Dezembro, o Presidente da República (PR), Armando Guebuza, demitiu o Comandante Geral da Polícia, Custódio Pinto e promoveu Jorge Khalau. Esta terça-feira, foi a vez de José Pacheco prosseguir com mexidas na corporação: exonerou o Comandante da PRM na cidade de Maputo, José Tomás, tendo colocado no seu lugar José Weng San, até à altura Comandante da Força de Intervenção Rápida. No entanto, o SAVANA apurou que nas próximas semanas deverá ser exonerado o actual director nacional da Polícia de Investigação Criminal (PIC), Carlos Comé.
Cinco meses depois de assumir o Comando da PRM na cidade de Maputo, José Domingos Tomás foi exonerado. O acto verifica-se uma semana depois do assassinato de uma alta patente da PRM, Feliciano Juvane, e da demissão do Comandante Geral da Polícia, Custódio Pinto.
Sem indicar os motivos que levaram à exoneração do Comandante da cidade de Maputo, fonte do ministério do Interior referiu apenas que em substituição de José Tomás foi nomeado o Comandante da Força de Intervenção Rápida (FIR), o Primeiro Adjunto Comissário José Weng San. Em substituição de Weng San foi nomeado José Binda, antigo Comandante da FIR em Sofala.
José Weng San, com mais de 30 anos de carreira policial, antes de dirigir a FIR foi Comandante Provincial da PRM em Manica e Nampula. Nesta última província, Weng San destacou-se na operação que culminou com a descoberta de carros quentes comprados pelo executivo de José Pacheco, quando este era governador de Cabo Delgado. Ainda em Nampula, Weng San apareceu a pôr em causa algumas das decisões dos procuradores e dos juízes locais quanto à questão do tráfico de órgãos humanos.
Na maratona de mudanças realizadas no seu ministério, José Pacheco exonerou António Gemo de Chefe do Estado-Maior da Força de Intervenção Rápida para o colocar como Comandante da FIR na província de Sofala. Porém, ao que o SAVANA apurou, os ventos de mudança na PRM deverão atingir a PIC. Deverá ser exonerado o director nacional deste ramo da polícia, Carlos Comé, um quadro proveniente dos quadros dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE). Tal como Custódio Pinto, Carlos Comé enfrentou resistência interna na PRM por ser um quadro de fora. A título ilustrativo, o SAVANA apurou que Pinto não tinha uma relação sã com o seu então adjunto. Este elemento, aliado a outros, vem aumentar a percepção de que vários assassinatos selectivos protagonizados por criminosos contra alguns agentes da polícia e assaltos têm todas as marcas de terem sido trabalhos internos, com certos elementos da corporação facultando informações de inteligência policial aos assassinos. Também, a impunidade com que os criminosos actuaram, acrescida da percepção generalizada de que alguns destes criminosos gozam da protecção de algumas altas patentes policiais, poderão anular todo um esforço que o ministro José Pacheco tem empreendido para promover a imagem da corporação.
Cossa engasga-se ao falar da Comissão de Inquérito
Seis dias após o término do prazo estabelecido para apresentação dos resultados da Comissão de Inquérito criada para investigar a fuga de Anibalzinho, Todinho e Samito, ainda não há nada de concreto.
Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), disse, esta terça-feira, que a direcção máxima do Ministério do Interior (MINT) não estava na posse do inquérito que alegadamente terá sido encomendado pelo ministério para apurar as reais circunstâncias da fuga daqueles três cadastrados. Enquanto isso, o actual Comandante Geral da Polícia, Jorge Khalau, avançou que a sua instituição teria os resultados do inquérito “brevemente”.
Sobre as declarações de Khalau, Pedro Cossa negou prestar qualquer comentário, referindo apenas que o documento ainda não está na posse do MINT razão pela qual nada podia falar sobre o assunto.
O prazo dado à equipa da Comissão de Inquérito finda numa altura em que um dos supostos integrantes da referida comissão, por sinal chefe, o general Benedito Zinocacassa, veio a público dizer claramente que “não faz e nem fez parte de qualquer comissão criada para apurar as reais circunstâncias das fuga de Anibalzinho”.
Questionado sobre os pronunciamentos de Zinocacassa, o porta-voz do Comando Geral da Polícia declinou tecer qualquer tipo de comentários. Apenas disse que “é um pronunciamento de um oficial superior da polícia. Não posso comentar. Em relação a isso, o Ministério já tomou uma posição oficial que neste momento é do nível interno”.
Pedro Cossa não disse quando é que os resultados da referida Comissão serão divulgados, mesmo reconhecendo que o prazo expirou há seis dias.
SAVANA - 26.12.2008