Declaram líderes religiosos, a propósito do tráfico de menores
Por Armando Nenane Fotos de Naíta Ussene De momento a momento conotados com o tráfico de menores, pelo menos sempre que um camião que leva crianças na direcção Norte-Sul é apreendido pelas autoridades policiais, crentes muçulmanos estão desgastados com a constante degradação da imagem da religião islâmica. Desabafam e atiram as culpas ao governo. E até que se prove o alegado tráfico, eles reivindicam inocência, pois não se lembram de algum caso em que tenham sido condenados pelo tribunal. Diferentes líderes religiosos islâmicos e analistas afins, abordados a propósito desta tendência de se associar o tráfico de menores à religião islâmica, não pouparam as suas palavras e desmentiram que os muçulmanos sejam traficantes de crianças. Apontaram que essa conotação deriva da discriminação e da intolerância religiosa que têm vindo a sofrer nos dias que correm no país. Em diferentes momentos, a Polícia da República de Moçambique (PRM) registou casos em que crianças eram transportadas em camiões ou em autocarros da zona Norte do país para a zona Sul, em direcção a Maputo. Em Maputo, as referidas crianças frequentam “escolas islâmicas” — as madrassas. Entre a versão do tráfico e a do rapto O último caso mais falado deu-se na província de Sofala, quando as autoridades policiais apreenderam um camião que transportava 40 crianças de Cabo Delgado, Nampula e Zambézia, com destino a Maputo. Na altura, não tardou para que se falasse de “tráfico de menores” e para que o senso comum também assimilasse essa “verdade”, mas também houve quem tenha falado que se tratava de “rapto com o consentimento dos pais”. Os líderes religiosos islâmicos com os quais o SAVANA conversou reconheceram que, tal como das outras vezes, as referidas crianças estavam a ser encaminhadas para frequentarem madrassas em Maputo, mas negaram que se tratasse de casos de “tráfico de crianças” ou de casos de “rapto com o consentimento dos pais” como se ouviu dizer. O sheik Amminudine Momad, director do Instituto Hamza, localizado na cidade da Matola, disse que aquelas crianças vinham a Maputo a fim de terem uma melhor educação, pois, tal como é sabido, o país ainda se depara com sérios problemas no que diz respeito à educação, sobretudo na zona Norte do país. Leia em: