A União Europeia anunciou a extensão da lista de oficiais zimbabueanos banidos do seu território.
As restrições que surgem no mesmo dia em que o grupo dos anciãos apelou ao afastamento do Presidente Mugabe para que o país possa sair da crise em que se encontra mergulhado.
A medida punitiva da UE foi anunciada pela França, que actualmente preside o bloco europeu, após um encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da união.
Bruxelas tem já uma lista de 160 Zimbabueanos banidos de entrar em território europeu, por violações de direitos humanos.
Os ministros europeus apoiaram também um apelo global para o afastamento do Presidente Mugabe. O presidente francês Nicolas Sarkozy encontrou-se hoje com o grupo dos Anciãos - que inclui Kofi Annan, Jimmy Carter e Graça Machel - que apelaram directamente a Mugabe para abandonar o cargo.
"Digo hoje que o Presidente Mugabe tem que ir. Que o Zimbábue já sofreu o suficiente, que já foi lançado todo o tipo de discussão e que tem que ser feito um tributo à África do Sul e ao Presidente Mbeki".
"Mas quando um ditador não ouve nem compreende, então pessoalmente penso que os chefes de Estado têm que deixar de discutir", defendeu Sarkozy apelando à acção internacional.
Descontentamento
O grupo dos anciãos, disse haver um 'forte descontentamento' com a actual liderança zimbabueana e apelou à Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, SADC, para ajudar a conter o surto de cólera.
"O governo de Robert Mugabe é incapaz de fazer com que o Zimbábue ultrapasse a sua actual crise humanitária", defenderam.
Por sua vez, o Primeiro Ministro queniano, Raila Odinga, apelou à União Africana para convocar um encontro de emergência e enviar militares para o Zimbábue:
"O Presidente Kikwete da Tanzânia deve convocar uma cimeira urgente dos chefes de estado da União Africana, para elaborar uma resolução que permita o envio de militares para o Zimbábue."
Odinga acrescentou que se não houver tropas disponíveis, a União Africana deve aceitar que a ONU envie as suas forças para o país com efeito imediato.
O Primeiro Ministro queniano defendeu que estas forças devem assumir o controlo do Zimbábue e assegurar a assistência humanitária às pessoas que estão a morrer de cólera e à fome.
Agências humanitárias afirmam que a epidemia já provocou cerca de 600 mortos até à data.
Sofrimento do povo
Graça Machel, a mulher do fundador do grupo e antigo Presidente sul-africano, Nelson Mandela, disse que os líderes do Zimbábue não compreendem o quanto o povo está a sofrer, ou "não se importam."
Kofi Annan, Graça Machel e Jimmy Carter viram os seus pedidos de visto recusados quando pretendiam visitar o Zimbábue.
O seu relatório baseia-se nas conversações com trabalhadores humanitários, políticos e outros e dirige-se aos líderes do Zimbábue, da SADC e aos doadores.
O relatório apela à SADC para assumir um papel mais activo para acelerar a transição do Zimbábue para um governo inclusivo de partilha do poder.
O grupo chama também a atenção à SADC para a gravidade da crise dos refugiados na região e para ajudar a conter a epidemia da cólera do Zimbábue.
Jimmy Carter disse que "o Zimbábue precisa de uma formação rápida de um governo operacional."
Carter acrescentou que "o regime tem estado em negação perante o que está a acontecer no país e a região também parece não estar verdadeiramente interessada em saber."
Agência humanitárias internacionais mostraram o seu contentamento perante o aumento da pressão de líderes mundiais sobre o regime de Mugabe.
A Organização Mundial de Saúde disse foram registados que perto de 14 mil casos de cólera no Zimbábue mas podem existir muitos mais.
A Oxfam alertou que uma grave falta de alimentos vai atingir o país dentro de algumas semanas e as agências de ajuda podem ser forçadas a racionar os abastecimentos.
BBC - 07.12.2008