A partilha do poder no Zimbabué não tem qualquer hipótese de sucesso e está na altura dos governos africanos afastarem o Presidente Robert Mugabe, disse o Primeiro Ministro queniano, Raila Odinga.
Depois de
conversações com o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, em Nairobi, Odinga
disse à BBC que Mugabe não tinha qualquer interesse em partilhar o poder.
O Zimbabué está num
impasse político uma vez que não está a ser possível chegar a acordo sobre a
partilha de poder.
Odinga disse à BBC
que "uma partilha do poder não funciona com um ditador que não acredita em
partilhar o poder."
A correspondente da
BBC em Nairobi, Karen Allen, afirma que o Primeiro Ministro queniano também se
encontrou com Jacob Zuma, Presidente do Congresso Nacional Africano ou na
África do Sul.
Zuma declarou uma
nova aliança entre o seu partido e o líder queniano, que pretende chamar a
atenção para a questão do Zimbabué, disse Karen Allen.
odinga disse que se
Mugabe fosse isolado, não teria outra alternativa senão afastar-se.
A nossa
correspondente afirma que os seus comentários são dos mais críticos efectuados
por um líder africano e podem indicar um aumento da pressão contra Mugabe.
Tsvangirai tem
estado a visitar vários países africanos para pedir ajuda.
'Emergência
Nacional'
Entretanto, um
surto de cólera já provocou pelo menos 565 mortos no Zimbabué, e foram
registados 12. 435 casos desde agosto, enquanto na África do Sul já há mais de
470 casos.
As autoridades do
país que na semana passada disseram que não havia nenhuma crise, declararam
agora um estado de emergência nacional
Em declarações ao
jornal Tehe Heradl, o Ministro da Saúde, David Parirenyatwa alertou na
quarta-feira que os hospitais precisavem urgentemente de abastecimentos médicos
básicos, equipamento e pessoal qualificado.
A maior parte da
capital do Zimbabué tem estado sem água desde domingo.
Os média estatais
disseram que a água foi cortada devido à falta de desinfectantes específicos
para o tratamento da água que ajudam a conter a propagação da cólera.
A Comissão Europeia
prometeu mais de 12 milhões de dólares para a aquisição de medicamentos e água
potável no Zimbabué.
O governo
zimbabueano disse que a crise se devia às sanções ocidentais que pretendem
derrubar Mugabe.
As as sanções foram
impostas depois das alegações de fraude eleitoral e violência política e
destinam-se ao Presidente e aos seus aliados mais próximos, consistindo em
proibições de viagem e congelamento de bens no estrangeiro.
Entretanto, os
média estatais deram conta da detenção de dez soldados que alegadamente
protestaram quando um banco na capital, Harare, os informou que não tinha
dinheiro para lhes pagar os seus salários.
Outros seis
soldados acusados de pilhagem na semana passada também foram detidos.