O SECRETÁRIO-GERAL da Renamo, Ossufo Momade, iniciou semana passada uma visita às antigas bases de guerrilha em Namilasse, distrito de Morrupula, Nantícua e Namahia, distrito de Muecate, e Namige em Mongicual, todas localizadas na província de Nampula.
De acordo com uma fonte do “Notícias”, Ossufo Momade, que semana passada pediu uma suspensão temporária do seu mandato na Assembleia da República, estaria a realizar um trabalho de incitamento aos homens ainda armados do movimento, no sentido de liderarem manifestações violentas de protesto nos municípios onde a Renamo perdeu as terceiras eleições autárquicas a favor da Frelimo e seus concorrentes.
“É estranho que o deputado Ossufo Momade tenha pedido a suspensão temporária do seu mandato na Assembleia da República, exactamente quando estamos há menos de um mês do término da plenária, e logo após a Comissão Nacional de Eleições (CNE), ter anunciado a derrota da Renamo nas eleições autárquicas. Aliás, estas visitas surgem também numa altura em que membros da cúpula da Renamo, em Maputo, Montepuez e Nacala, vieram a público ameaçar com manifestações caso os seus concorrentes não fossem declarados vencedores”, explicou.
O candidato derrotado daquela formação política em Montepuez, em Cabo Delgado, Tomé Fernando, chegou mesmo a dizer ao nosso Jornal, que tais manifestações seriam de consequências imprevisíveis e que ele não teria capacidade de controlar os ânimos dos seus correligionários.
Estas declarações foram feitas dias depois de ex-guerrilheiros do antigo movimento rebelde terem simulado fazer refém Ossufo Momade, em Nampula, alegando pretenderem receber ordens para realizarem manifestações violentas contra os resultados das eleições que deram vitória à Frelimo.
Na semana passada, diversas organizações da sociedade civil, académicos e religiosas vieram a público condenar qualquer tentativa de alteração da ordem e da tranquilidade públicas por via de manifestações violentas.
Segundo os interlocutores do “Noticias” nada justifica que os perdedores das eleições locais recorram à violência para fazer valer as suas reivindicações, sabido que a Renamo já submeteu ao Conselho Constitucional os seus protestos.
De acordo com a Lei Eleitoral, caberá àquele órgão de recurso validar e proclamar os resultados finais do pleito de 19 de Novembro.
Aliás, observadores nacionais e estrangeiros que fiscalizaram o processo consideraram que as eleições municipais foram justas, livres e transparentes, apesar da ocorrência de irregularidades que, no seu conjunto, não punham em causa os resultados finais da votação.
O próprio líder da Renamo, Afonso Dhlakama, foi um dos primeiros a vir a público elogiar o desempenho e grau de profissionalismo dos órgãos eleitorais na condução das municipais.