Ao contrário das determinações, governo agilizará os esforços para
tomar as terras que sobraram aos fazendeiros brancos e redistribuí-las
a fazendeiros negros que praticam agricultura de subsistência.
O governo do Zimbabwe rejeitou a determinação de um tribunal
internacional da SADC - Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
que exigiu que as autoridades parem de tomar terras dos fazendeiros
brancos, informou ontem (1º) o diário estatal do Zimbabwe.
Ao contrário das determinações, o governo agilizará os esforços para
tomar as terras que sobraram aos fazendeiros brancos e redistribuí-las
a fazendeiros negros que praticam agricultura de subsistência, disse o
ministro da Agricultura, Didymus Mutasa, de acordo com o diário The
Herald.
A reforma agrária do presidente Robert Mugabe, muitas vezes violenta,
forçou milhares de agricultores brancos a deixar suas terras desde o
ano 2000 e gerou uma grave crise de desabastecimento de comida no
Zimbabwe. O tribunal da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral determinou na sexta-feira que o governo do Zimbabwe deveria
permitir a 78 fazendeiros brancos manterem suas fazendas comerciais,
que foram tomadas pelo governo para expropriação.
O tribunal, sediado na Namíbia, também determinou que o governo do
Zimbabwe precisa pagar compensações a três fazendeiros que já perderam
as terras. Os fazendeiros comemoraram a decisão, mas disseram que é
pouco provável que ela seja executada. O tribunal formado por 14
países, inclusive pelo Zimbabwe, pode receber apelos dos cidadãos, mas
não tem poder para aplicar suas determinações.
O Zimbabwe teve no passado uma das economias mais dinâmicas da África,
com uma boa infra-estrutura e um sistema de saúde público eficiente. A
economia entrou em uma lenta decadência desde que Mugabe tomou o poder
no país em 1980, após a independência, e agora ruma ao colapso, com
hiperinflação, desemprego em massa e falta de alimentos e combustíveis.
Cerca de 5,5 milhões de zimbabuanos – metade da população – estão
ameaçados pela fome iminente, provocada pela política de Mugabe e sua
reforma agrária fracassada, que arruinou a agricultura comercial,
informaram as Nações Unidas. Uma epidemia de cólera em curso no país já
matou 425 pessoas, segundo informações do governo. "Muitas famílias no
Vale do Zambeze estão tão famintas que retiram carne das carcaças de
animais mortos, mesmo sabendo que os animais morreram de doenças, e dão
a carne estragada aos filhos", informou em comunicado a organização
não-governamental Save the Children. As informações são da France
Press.
AFRICA21 - 02.12.2008