Em Moçambique há sinais crescentes de um crise interna no maior partido da oposição, acentuada pela estrondosa derrota sofrida nas últimas eleições municipais.
Numa entrevista à BBC, a Chefe da Bancada Parlamentar da Renamo, Maria Moreno, reconhece a existência da crise e questiona o anúncio do seu líder Afonso Dhlakam de que iría empossar à força os candidatos daquela formação política derrotados no escrutínio de Dezembro.
Os actos de tomada de posse paralela pelos candidatos da Renamo, em municípios do centro e norte do país, seríam segundo disse o próprio Afonso Dhlakama, em protesto contra o que ele considera ter sido "um crime eleitoral".
Dlakama refere-se a alegadas irregularidades que na sua opinião terão adulterado os resultados finais do escrutínio de Dezembro, do qual a Renamo saíu derrotada em todas os municípios, incluindo os que governava, à excepção de Nacala que ainda vai a uma segunda volta.
Um desses municípios chama-se Cuamba, por cuja presidência e pela Renamo concorreu Maria Moreno, por sinal chefe da bancada parlamentar do maior partido da oposição. Foi a partir daquela cidade que ela falou à BBCparaÁfrica.
“Não sei se a governação e tomada de posse paralela vão resolver os problemas agudíssimos que temos em Moçambique de liberdade política e falta de democracia. Eu penso que este não é o caminho”.
Questionada sobre se isto significava que ela não iria aderir à estratégia do seu líder, Afonso Dhlakama, respondeu taxativamente que “Não, não vou. Em princípio não vou porque para mim até agora ainda não faz sentido.”
Contestado
Mas não terá este posicionamento o potencial para minar a autoridade do líder da Renamo, por sinal contestado ainda que à boca fechada por outros sectores do partido?
“Nós aguardávamos que houvesse um encontro entre deputados e o presidente do partido o que não foi possível, de forma que ficamos um pouco à solta para encontrarmos soluções para os nossos problemas locais," continuou Maria Moreno.
" Não sei há falta de concertação. Não podemos falar de alas ou grupos mas realmente é um momento sensível que carece de um encontro que até agora ainda não aconteceu”.
Perguntamos se achava que a Renamo estava em crise, a chefe da bancada parlamentar da Renamo reconheceu que “com o resultado nas autarquias a Renamo está em crise”.
E o que reserva então o futuro político da Renamo? Maria Moreno junta-se às figuras de algum peso que a partir das fileiras daquela formação política defendem ser tempo para uma profunda reflexão.
“Estamos desfazados”, sentenciou. Mas passará a resolução da crise pela saída de Afonso Dhalakama, como tem sido defendido por alguns?
”Um membro não sugere a substituição de um membro do partido, mas um congresso podería resolver estes problemas, encaminhando a pessoa se assim ficasse decidido ou escolhendo uma outra pessoa. Era necessário que houvesse um Congresso”, disse Maria Moreno.
BBC - 27.01.2009