O ANTIGO ministro de Informação, Jorge Rebelo, disse ser constrangedor o facto de muitos jovens, em Moçambique, estarem alheios à realidade histórica do país, situação que deveria ser colmatada ainda no ensino primário.
Segundo Jorge Rebelo, que durante muitos anos desempenhou as funções de secretário da Frelimo para o Trabalho Ideológico, “um país ou povo sem história, está perdido. Não tem raízes”.
Jorge Rebelo, que também é poeta, falava sábado a um grupo de jovens da Organização da Juventude Moçambicana (OJM) a nível da cidade de Maputo, por ocasião das celebrações do 30º aniversário da morte do primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Eduardo Mondlane, que se assinala a 3 de Fevereiro próximo no país.
“Uma coisa triste, em Moçambique, é o facto de existirem muitos jovens que não conhecem o significado das datas históricas”, disse durante a palestra assistida por cerca de 300 jovens idos de diferentes distritos municipais da capital moçambicana e convidados.
Acrescentou que '' é no Ensino Primário onde se devia ensinar a história de Moçambique, para que as crianças cresçam a saber a realidade Histórica do país”.
Segundo afirmou, o que está acontecer, actualmente, em Moçambique é que as pessoas, particularmente os jovens, não se preocupam em aprofundar a história.
Entrevistas feitas por diferentes órgãos de informação a grupos de jovens nas vésperas de datas comemorativas mostraram um grande défice de conhecimentos nesta componente, mesmo entre aqueles que frequentam o Ensino Superior.
Durante a palestra, subordinada ao tema “A Vida e Obra de Mondlane', Jorge Rebelo contou aos jovens todo o percurso do arquitecto da unidade nacional, desde a infância passando pelas suas actividades académicas e profissionais até à sua morte a 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Saalam.
Nesta dissertação, o enfoque foi para o seu envolvimento na preparação e desencadeamento da luta armada contra o colonialismo português em Moçambique.
A sua explanação, apontou “o sentido humano” como tendo sido a característica mais notável em Mondlane, o qual soube “fundir-se e identificar-se com a realidade do seu país”.
“Ele compreendia e relacionava-se com todos os grupos sociais. Mondlane aceitou enfrentar todas as dificuldades de uma guerra, rejeitando as tentações de uma vida fácil e cómoda, e libertando-se da alienação”, disse Jorge Rebelo.
Enalteceu, igualmente, o facto de, na sua vida prática, Eduardo Mondlane ter exigido sempre a “coerência entre a palavra e a acção”.
Para Jorge Rebelo, o assassinato de Mondlane ocorreu porque o inimigo logo se apercebeu que ele havia conseguido estabelecer a unidade entre os moçambicanos, condição que veio fortificar o espírito nacionalista no país.
Disse ainda que o facto de Eduardo Mondlane ter dirigido o desencadeamento da luta armada, ensinado, com clareza, quem era o inimigo do povo moçambicano e inculcado a importância de ser independente terão sido os motivos que enervaram o inimigo a ponto de assassina-lo, pensando que, “com a sua morte a luta pela independência havia de fracassar.
Segundo este quadro da Frelimo, este pensamento foi contrariado, pois, no terreno, a luta armada intensificou-se sob a direcção de Samora Machel, segundo presidente da Frelimo e, mais tarde, fundador da Nação moçambicana.
A independência de Moçambique foi proclamada a 25 de Junho de 1975, depois de 10 anos de luta contra a colonização estrangeira.