MOÇAMBIQUE pretende ver alargado o número de locais considerados Património Histórico da Humanidade, dai que um estudo está sendo levado a cabo com vista a identificação de mais locais, segundo garantias dadas no final de semana, pelo Ministro da Educação e Cultura, Aires Ali. O ministro falava à sua chegada de Portugal onde foi assegurar um importante apoio deste país na identificação de mais locais a serem declarados Património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Actualmente, Portugal apoia o restauro da Ilha de Moçambique, declarado Património da Humanidade. Até aqui, conforme apontou, o estudo está em curso e assim que os locais estiverem identificados a lista será enviada a UNESCO.
“Ainda não temos a lista dos novos potenciais candidatos. Dos locais que estão a ser observados figuram monumentos, bases usadas na Luta de Libertação Nacional e outros que nos parecem importantes de digno reconhecimento” – disse.
Recentemente, cerca de 730 mil dólares é o valor que o Reino dos Países Baixos, através da UNESCO, concedeu ao MEC, para a restauração da Ilha de Moçambique, Património Mundial da Humanidade. Ao todo precisam-se de cerca de 2,7 milhões de dólares para a reabilitação total da ilha, que incluiu a criação de serviços básicos para beneficiar a população.
Aires Ali defende haver muitos locais do nosso país que merecem uma outra cotação não só a nível interno, mais também internacional. São estes locais que a breve trecho devem ser apresentados como potenciais candidatos a designação de Património da Humanidade, à semelhança do que já é a Ilha de Moçambique.
Por outro lado, o ministro Aires Ali, que com o governo português passou em revista a cooperação bilateral no domínio da educação, bem como reforço das relações na área cultural, disse que Portugal compromete-se a apoiar o sector na conservação do material áudio-visual, que muitas vezes se estraga por falta de um padrão adequado de conservação. Trata-se de um manancial antigo de Rádio e TV que, mais tarde, segundo ele, deve servir para as novas gerações.
Outro projecto de grande revelo apontado pelo titular do MEC é o da rede nacional de bibliotecas escolares, principalmente nos institutos de formação de professores. Depois, segundo ele, avançar-se-á para as técnicas e secundárias, tudo com vista a possibilitar que os alunos tenham consultas a altura de fazerem os seus ciclos.
A implantação da rede nacional de bibliotecas pelo país visa, de acordo com a fonte, melhorar a qualidade de ensino, bem como para incentivar o hábito de leitura, baseando-se na experiência de Portugal.
“A intenção é potenciar a existência de bibliotecas a nível provincial e, até mesmo nos distritos do país. A prioridade seria a colocação de bibliotecas a nível dos institutos de formação de professores, seguindo-se as escolas secundárias e técnico-profissionais. Pretendemos fazer uma combinação de bibliotecas escolares e a rede de bibliotecas públicas. Agora a Biblioteca Nacional está em reabilitação, onde será reforçada com material didáctico. Queremos um movimento amplo, massivo de pôr livros nas escolas e pôr as pessoas a ler” – apontou o titular da pasta da Educação e Cultura.
Para alcançar estes objectivos, o governante moçambicano referiu que o sector privado e outras instituições ligadas ou não a educação serão convidadas a contribuir.
Ficamos interessados pelo projecto que Portugal está a levar a cabo, que é das bibliotecas escolares. Está a fazer o lançamento da rede de bibliotecas pelo país. Esta experiência interessa-nos no âmbito da formação de docentes e melhoramento da qualidade de ensino. Queremos fazer com que mais escolas possam ter bibliotecas e condições para ter livros para que possam promover o gosto pela leitura” – disse.
Portugal assegurou interesse em apoiar o ensino técnico-profissional como também a formação de professores. Agricultura e agro-processamento é uma das apostas pelas quais o país pretende colher dos portugueses, isto para possibilitar uma rápida capacitação dos estudantes para as diferentes frentes de produção e garantia de alimentos para o combate a pobreza.
Com efeito, especialistas daquele país europeu, em número ainda não definido, virão a Moçambique para formar professores moçambicanos em diversas áreas, com destaque para agricultura e agro-processamento.
“Chegamos a um acordo de que alguns especialistas, portanto, professores com larga experiência nas áreas de agricultura e processamento, entre outras áreas, possam vir a Moçambique para formar os nossos professores nas nossas escolas em cursos a definir, mas em principio de média e longa duração. Este é um dado assente. O mesmo acordo é válido também para algumas áreas a nível do Ensino Superior. Portanto, vamos fazer alguns contactos no sentido de termos alguns docentes universitários e acordo entre universidades. Temos enviado quadros para cursos de pós – graduação e vamos continuar a mandar, mas vamos introduzir uma nova abordagem. Os portugueses deverão vir formar os nossos docentes aqui no país, orientando cursos de mestrado e doutoramento nas nossas universidades”, explicou.
Durante a sua estada em Portugal Aires Ali visitou várias instituições de ensino técnico-profissional, tendo ficado impressionado com uma escola que está a desenvolver uma iniciativa na componente de agro – processamento. Trata-se de um projecto que visa formar jovens para desenvolverem competências e habilidades na área do agro-processamento.
- HÉLIO FILIMONE