O EX-COMANDANTE-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) Custódio Luís Pinto, contactado ontem pelo nosso Jornal, negou que esteja envolvido seu na fuga de Anibalzinho, Samito e Todinho, este último encontrado morto há dias no município da Matola. Custódio Pinto afirmou que as declarações proferidas por Samito, segundo as quais ele tê-lo-ia solicitado a acompanhar Anibalzinho na fuga não têm nexo, são infundadas e enquadram-se nos sistemáticos actos de chantagem e perseguição que vem sofrendo elaboradas por algumas pessoas da corporação, que tudo fazem para o desacreditar.
Entretanto, o Ministro do Interior, José Pacheco, anunciou, também ontem, que as autoridades policiais não se vão basear somente no pronunciamento de Samito para se chegar à verdade sobre o que aconteceu para a consumação da fuga de 7 de Dezembro no Comando da PRM. Segundo o governante, será necessário aprofundar as investigações e provar tal acusação com factos e tudo o que rodeou as circunstâncias que propiciaram a fuga.
“Ninguém está acima da lei. O pronunciamento de Samito tem que ser estudado e aprofundado. Fique claro que a exoneração de Custódio Pinto teve a ver com o processo normal de rotação de quadros e não foi por uma eventual desconfiança do quadro no seu envolvimento na fuga dos três criminosos” – clarificou Pacheco.
Nas suas primeiras declarações à Imprensa na última quinta-feira, ao desembarcar em Maputo, 24 horas depois de ter sido recapturado em Caia, Sofala, após a evasão de 7 de Dezembro na companhia de Anibalzinho e do finado Todinho, Samito disse, falando às câmaras da TVM, que quem “ordenou a soltura do trio foi o ex-comandante-geral da Polícia Custódio Pinto”. No referido dia, acrescentou Samito, “fomos escoltados, por ordens dele, por quatro agentes da Polícia e levados a uma residência em Malhampsene. Aqui recebi dinheiro de Anibalzinho com instruções de fugir para Quelimane. Tiraram com o propósito de proteger Anibalzinho. Não fugimos, tiraram-nos da porta principal e fomos escoltados até Malhampsene” – disse Samito.
Para o ex-comandante-geral da Polícia, estas acusações são graves e infundadas, e tudo o que ele revelou insere-se na estratégia de uma orquestração desmedida contra a sua pessoa.
“Estou profundamente surpreendido com estas declarações que de longe não fazem sentido. É mais uma manobra com vista a desgastar a minha imagem na praça pública, como tentaram fazer algumas pessoas que nunca me desejaram bem. Quando estava a frente da Polícia sempre procuraram manchar o meu bom nome. Agora que estou fora da Polícia, que deixei as coisas para eles mesmos, continuam a manipular a opinião pública no sentido de mancharem ainda mais o meu nome e me associarem a coisas que em nada se familiarizam comigo. Qualquer pessoa de bom senso, analisando bem os factos, pode deduzir imediatamente que as declarações de Samito não têm nexo, são infundadas e visam me atingir. Estou tranquilo e não vergarei perante esse tipo de chantagem. Mantenho a minha consciência tranquila e mais cedo ou mais tarde ficará provado que tudo isto não passa de uma manipulação daqueles que nunca me quiseram na chefia da PRM” – desabafou o ex-comandante-geral da Polícia.
Custódio Pinto não se referiu a nomes de pessoas que estariam apostadas a manchar a sua imagem, mas disse serem pessoas que nunca se simpatizaram com a sua direcção. Porém, deixou claro, tratar-se de alguns quadros da própria corporação.
SAMITO CONTINUA A SER INTERROGADO
Entretanto, a Polícia garantiu que Samito continua a ser interrogado por forma a colher mais subsídios sobre as circunstâncias que ditaram a sua evasão das celas do Comando da Cidade.
“O processo está em curso, as investigações continuam e, neste momento, não podemos dizer nada. É claro que nem tudo o que está a ser colhido será para consumo público por se tratar de materiais de natureza policial, mas o essencial será conhecido, logo que o caso estiver esclarecido. Por enquanto não há nada” – disse a fonte.
Recorde-se que a Polícia já garantiu que a recaptura de Samito será determinante para esclarecer as circunstâncias em que ocorreu a evasão.