Entre ameaças, receios e troca de acusações em Maputo
A destituição de Jeremias Pondeca Munguambe, do cargo de delegado politico da Renamo na Cidade de Maputo, continua a alimentar contradições entre os membros da "perdiz" nesta urbe, sendo que a ala que apoia aquele quadro recentemente exonerado, acusa o grupo liderado por Fernando Mazanga, que na semana passada assumiu o comando do partido aqui em Maputo, de ter orquestrado o afastamento como forma de impedir a candidatura de Pondeca à Assembleia da Republica, nas eleições legislativas deste ano.
Dizem os membros que não apoiam Mazanga, que sabendo-se que Pondeca na sua qualidade de delegado politico, membro da Comissão Politica e do Conselho Nacional, seria cabeça de lista deste partido no círculo da cidade de Maputo nas próximas eleições para a Assembleia da República, os outros “encontraram essa maneira de destituição, para tentar impedi-lo de concorrer, dado que desta vez a lista de candidatos será elaborada pela comissão dirigida por Mazanga, na sua qualidade de gestora do processo”.
“Mesmo que Pondeca concorra, o nome dele (Fernando Mazanga) estará num lugar em que dificilmente será eleito”, diz uma das nossas fontes, que também afirma estar a ser vitima de perseguições desde que a nova Comissão de Gestão, como é oficialmente designada a nova direcção local da Renamo que já tomou posse na Delegação da Cidade de Maputo. E esta fonte é corroborada por outras. Para já, os apoiantes de Pondeca dizem que vão continuar a cruzar os braços, tal como foi forçado o Pondeca a cruzar os seus, não devendo fazer qualquer actividade política, para se ver qual rumo o partido vai levar até ao desfecho do ciclo eleitoral marcado para este ano em todo o país que inclui as eleições presidenciais, legislativas e pela primeira vez, se não houver surpresas, também as eleições para formação das assembleias provinciais.
Alguns membros já destacados para certos bairros afim de irem trabalhar com as bases, estão-se a recusar avançar para o terreno. No Distrito Urbano N.1 acusam Gingador de nunca ter mobilizado nenhum membro no distrito. Dizem que o DU1 nem sequer delegados de bairro tem. Acusam Mazanga de ser “bastante demagogo” e dizem que “ele anda a enganar o presidente do partido e os membros dizendo a Dhlakama que o partido e seu líder continuam a gozar de popularidade, quando na verdade tudo é o inverso”.
“Na sua tomada de posse, ele (Mazanga) nos disse que devíamos ficar sossegados, porque o município de Nacala já estava nas mãos da Renamo, dado que ele e o presidente Dhlakama tinham sido recebidos em apoteose, naquele ponto pais e que as informações dos jornais eram falsas. Agora veja-se só os resultados obtidos naquela autarquia. (NR: Ganhou a Frelimo e o seu candidato Chele Ossufo e a CNE já proclamou esses resultados) Isso e demagogia. Isso deixa os membros e o presidente adormecidos. Nunca se fala de trabalho, senão de demagogia. Por isso basta”, diz uma fonte visivelmente revoltada que acrescenta que “quem continua a confiar no Mazanga, devia entender que ele já não é útil ao partido, na sua qualidade de porta-voz, nem para dirigir a Cidade de Maputo, por isso deixem-no lá na Assembleia Municipal, com os seus 30 mil meticais”.
A indignação que as alterações na Renamo estão a suscitar são várias. Para alem de Jeremias Pondeca, poderão ser empurrados em lugares pouco prováveis de serem eleitos, os actuais deputados da Renamo na Assembleia da Republica pelo circulo da Cidade de Maputo, Eduardo Namburete e Ismael Mussa, por alegadamente não se entenderem com o actual porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga. Mazanga tem incitado alguns membros que se diz serem da sua ala, para apelidarem esses deputados de falsos doutores. Namburete foi o candidato derrotado à presidência do Município de Maputo. Ismael Mussa pode ser que no fim deste mandato concorra já pelo Movimento que poderá vir a ser criado em breve e poderá vir a ter como líder Daviz Simango, o actual edil da Beira.
De acordo com os membros da Renamo com quem entabulámos diálogo, os quadros que têm sido vitimas de severas criticas do próprio Mazanga, agora ele na sua qualidade de gestor da Delegação da Cidade de Maputo, pode exclui-los da lista de candidatura para deputados da AR. Indicia isso o facto deles não participam ultimamente nas reuniões do partido ao nível da cidade de Maputo.
Ameaças de punição
Entretanto a reportagem do «Canal de Moçambique», foi informada que o membro da Comissão de Gestão da Delegação Politica da Renamo na Cidade de Maputo, Jaime Gingador, ameaçou há dias, numa reunião com os membros daquele partido ao nível do Distrito Municipal 3, “punir e banir todos os membros que andam a fornecer informações aos jornais para denegrir a nossa imagem”. “Iremos ao encontro do jornalista que anda a escrever para nos indicar as suas fontes aqui na Renamo, de modo a trabalharmos bem com elas”.
Falando perante um grupo de delegados de bairros, chefes de serviços e ligas da juventude e da mulher daquele distrito municipal, Gingador considerou de infiltrados, todos aqueles que andam a colaborar com os jornais, sobre os assuntos internos da Renamo.
Segundo fontes que participaram do encontro dirigido por aquele quadro da Renamo que cumulativamente ocupa o cargo de delegado politico do distrito municipal 1, nessa reunião Gingador não tratou de assuntos políticos do partido. Limitou-se apenas a ameaçar, incluindo de crer conhecer o jornalista do Canal de Moçambique, para que este possa informar as fontes das suas noticias sobre o partido Renamo, de modo a poder puni-las.
A adesão dos descontentes da Renamo em Maputo ao novo movimento que está a surgir a nível nacional começa a preocupar as hostes do partido liderado por Afonso Dhlakama. Os que estão em choque com Mazanga e a nova direcção da Renamo em Maputo poderão vir a engrossar o novo movimento. É a Renamo agora em polvorosa na capital do país. (Bernardo Álvaro) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 23.02.2009