UM grupo de generais da Polícia da República de Moçambique (PRM) está a ser ouvido pelo Ministério Público (MP), num processo instaurado com vista ao esclarecimento de um alegado desfalque financeiro havido na corporação há alguns anos. Não nos foi possível apurar o montante envolvido no desfalque, mas fonte judicial autorizada disse que trata-se de fundos de Orçamento do Estado, sobretudo relacionados com a aquisição de equipamento e apetrecho das forças da lei e ordem, que nunca chegaram a ser aplicados para esse fim.
Ao que pudemos apurar, um dos generais sob investigação na altura dos factos desempenhava as funções de director da Logística e Finanças no Comando-Geral da PRM.
Contactado ontem pelo “Notícias” para comentar a informação, Ernesto Augusto disse apenas que “por enquanto nada tenho a comentar”.
As investigações incidem mais sobre o pessoal que na altura estava afecto ao Departamento de Logística e Finanças, onde se pensa que ocorreram muitos dos desvios de fundos, que nalgum momento deixaram a corporação necessitada e sem soluções para fazer frente aos problemas dos agentes da autoridade para lidar com o crime.
Igualmente, dados a que tivemos acesso indicam que os generais em causa estão sob investigação em torno da suposta empresa fictícia criada pelo Ministério do Interior, que supostamente viria a ser usada para drenar o valor que viria a dar lugar ao chamado “caso 220 biliões de meticais”. Esta empresa, que durante o tempo de vigência só se reuniu uma vez, tinha como sócios os elementos do Comando-Geral da Polícia agora sob investigação.
A nossa fonte adiantou que o processo relativo ao Comando-Geral da PRM não tem a ver com o dos “220 biliões” do Ministério do Interior, estando os dois a correr paralelamente. O processo do Ministério do Interior envolve nove arguidos acusados, tendo à cabeça o ex-ministro Almerino Manhenje.
“Devo clarificar que o “caso Comando-Geral” não deriva do “caso 220 do MINT”. São situações completamente diferentes, embora o primeiro tenha relação com o segundo. São situações de desfalque completamente diferentes e que de momento estão sob investigação. Nalguns casos, temos as mesmas pessoas a serem ouvidas nos dois casos, mas isso não quer dizer que um dependa do outro. Nesta fase de instrução do processo há muita gente que está a ser ouvida”, referiu a nossa fonte, que achou por bem não se identificar publicamente.
As investigações ainda não conduziram nenhum arguido à cadeia, o que poderá acontecer assim que houverem alguns indícios confirmados do seu envolvimento no desfalque da instituição.