O Presidente da República são-tomense disse hoje que está disponível para continuar a exercer o seu mandato mas com a garantia do apoio dos restantes órgãos de soberania.
"Eu estou pronto a continuar, mas quero garantias. Ainda hoje ou amanhã vou tentar reunir os órgãos de soberania", disse Fradique de Menezes que se manifestou interessado na concretização de "um pacto de regime" para tirar o país da "constante instabilidade politica".
Numa longa entrevista com a imprensa que demorou cerca de uma hora e meia, Fradique de Menezes afirmou que ponderou muito e continua a ponderar sobre a sua continuidade no cargo.
"A intenção que eu tinha continua. Se é por minha causa que as coisas não funcionam, que temos a instabilidade neste país, então temos que encontrar uma solução: eu prefiro retirar-me", disse o presidente.
No entanto, Fradique Menezes acrescentou: "Se eu tiver a garantia de que vamos trabalhar, que vai haver estabilidade neste país, que eu não serei utilizado por uns e outros, eu continuo como presidente da República".
Há uma semana, Fradique de Menezes havia dito numa reunião da comissão politica do seu partido, o Movimento Democrático Forças da Mudança-Partido Liberal (MDFM-PL) que tencionava renunciar ao cargo de Presidente da República, por alegadamente estar a ser "injustamente responsabilizado por pessoas de má fé pela intentona de alteração da ordem constitucional"
O chefe de Estado aproveitou a ocasião para lançar uma vez mais a proposta de um referendo constitucional para a mudança do actual regime de governo para o presidencialismo.
"Uma consulta ao povo sobre qual o sistema de governação que pretendem. Assim partiríamos para as eleições já no quadro desses sistema de governação. Ou mantendo o que temos agora ou irmos para um novo sistema. Acho que isso é que era democracia", disse Fradique de Menezes num discurso transmitido em directo pela emissora oficial são-tomense, a Rádio Nacional.
Relativamente à alegada inversão da ordem constitucional, o Presidente da República referiu-se a dois relatórios secretos que deram lugar à decisão tomada pelo governo, sendo um elaborado pelos serviços de segurança e outro por uma pessoa não identificada.
Lembra que depois de cumprir o primeiro mandado como Presidente da República não estava interessado em fazer o segundo por achar o cargo de "meramente corta-fita".
"Eu já não estava encorajado a brigar o segundo mandato e tinha já o meu nome na lista de deputado ao círculo eleitoral de Mé zoonchi", disse.
MYB - LUSA - 23.02.2009