A construtora portuguesa Teixeira Duarte entrega formalmente quinta-feira as obras para estancar a degradação da Fortaleza de São Sebastião na Ilha de Moçambique (norte), numa cerimónia que contará com a presença do Governo moçambicano.
Na entrega formal da obra participam o ministro da Educação e Cultura de Moçambique, Aires Ali, e o embaixador de Portugal em Maputo, Mário Godinho de Matos, além de um representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
De acordo com o representante da empresa em Moçambique, Carlos Timóteo, a empreitada orçada em 1,6 milhões de dólares (cerca de 1,27 milhões de euros) envolveu cerca de 200 trabalhadores e foi levada a cabo pela Bel - Engenharia e Reabilitação de Estruturas (parte do grupo).
A obra consistiu na impermeabilização total da fortaleza, construída em 1507, bem como dos edifícios existentes no interior da estrutura, que apresentavam já "grandes infiltrações" que a prazo ameaçavam comprometer a sua solidez.
Também foram recuperados os estragos causados em 2008 na fortaleza pela passagem do ciclone tropical "Jokwe" junto à ilha de Moçambique, que foi classificada como Património Mundial da Humanidade em 1991.
A fortaleza de São Sebastião foi a primeira fortificação portuguesa no Índico para assegurar a defesa do caminho marítimo para a Índia.
A intervenção para impermeabilizar a fortaleza e estancar a degradação é, no entanto, apenas a primeira fase do projecto, de acordo com Carlos Timóteo - o arrastamento do arranque do projecto inicial, elaborado em 2003, levou a que a consolidação estrutural do edifício e a reabilitação tenham sido separadas em fases distintas.
"A segunda fase arrancará ou não consoante o dinheiro disponibilizado pelos doadores", adiantou o representante da empresa, acrescentando que a empreitada "não está quantificada".
A "fase dois" do projecto, que está elaborada em termos técnicos e incidirá também essencialmente sobre a fortaleza, custará entre cinco e seis milhões de dólares (3,1 milhões e 3,8 milhões de euros).
O financiamento da primeira fase das obras foi assegurado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), que contribuiu com 500 mil euros, e pela cooperação japonesa, que comparticipa o restante - o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) entra essencialmente com apoio técnico.
A Ilha de Moçambique foi visitada no ano passado pelo Presidente da República português, Aníbal Cavaco Silva, no último dia da sua deslocação oficial a Moçambique.
Um dos eixos fundamentais da cooperação de Portugal com Moçambique para o triénio 2007-2009 é a criação da "Vila do Milénio" do Lumbo, situada no continente, junto à Ilha de Moçambique, para atacar o problema de sobrepovoação da ilha.
Com apenas um quilómetro quadrado, a Ilha de Moçambique tem cerca de 16 mil habitantes.
PGF. -LUSA - 17.02.2009