O PRESIDENTE do Congresso Nacional Africano (ANC) e provável próximo chefe de Estado sul-africano, Jacob Zuma, dissipou receios de que depois das eleições gerais de 22 deste mês a política económica do seu país poderá virar para a esquerda.
As especulações sugerindo a possibilidade de a política económica sul-africana mudar-se para a esquerda têm como pressuposto o crescente apoio que o Partido Comunista Sul-Africano (SACP) e Confederação dos Sindicatos da África do Sul (COSATU) dão a Zuma.
Falando fim-de-semana no âmbito da campanha eleitoral do ANC, Zuma recordou o apoio destas organizações ao ANC, desde os anos 50, garantindo, todavia, jamais ter havido no seio da sua organização mudanças que apontem a sua orientação da para a esquerda.
“O ANC está a favor dos interesses da maioria e não para um punhado de indivíduos ou secção da sociedade”, disse Zuma, acrescentando que a África do Sul continuará sempre a atrair investimento para dentro da comunidade empresarial.
“Somos um país rico e possuímos muitos recursos naturais, portanto espero que ninguém dentro da comunidade empresarial nos abandone”, disse Jacob Zuma.
No seu pronunciamento, falou ainda do novo partido sul-africano, o Congresso do Povo (COPE), declarando que o mesmo “não constitui nenhuma ameaça” para o ANC.
Para Zuma, o COPE, do antigo ministro da Defesa Mosiuoa Lekota cometeu muitos erros desde a sua fundação, situação que faz com que não seja encarado com seriedade pelo eleitorado.
Segundo Zuma, o primeiro erro do COPE foi pensar que em sete meses estaria em pé de igualdade com o ANC, organização criada há cerca de 100 anos, ou seja em 1912.
Declarou que os que abandonaram o ANC para se juntarem ao COPE estão a regressar para o partido, “porque o grupo de Lekota só atrai indivíduos com visão míope sobre o país”.
Nas últimas semanas circulam informações de deserções no seio do COPE, com vários militantes a decidirem pelo regresso ao ANC, devido à lutas internas pela liderança no partido de Lekota.
O antigo presidente da Câmara Municipal da Cidade do Cabo, Peter Marais, foi um dos que decidiram regressar para o ANC. Na semana passada, Mlungisi Hlonwane, chefe da campanha eleitoral do COPE também abandonou este grupo, sob pretexto de reinar um clima de tribalismo e regionalismo dentro do novo partido.
Entretanto, no seu discurso, Zuma falou do Zimbabwe, considerando que este país começou já a estabilizar-se após a formação do Governo de união. Criticou as potências ocidentais por não apoiarem o país só porque o Presidente zimbabweano, Robert Mugabe, continua no poder.
Zuma referiu ser injusto que os zimbabweanos continuem a sofrer da crise económica quando os líderes do país mostram engajamento nas reformas políticas e económicas no país.
Jacob Zuma alertou ainda os grupos criminosos que actuam na África do Sul, considerando que a sua acção tem sido tolerada pelo sistema judicial.
“Os criminosos devem saber que quando matam não serão tolerados”, avisou, frisando que o seu Governo será agressivo no combate a este mal social.