AS aulas do 2º Ciclo do Ensino Secundário Geral, na Escola Secundária do Distrito de Monapo, em Nampula, encontram-se paralisadas há cerca de três meses em consequência do abandono massivo dos docentes, devido à alegada falta de definição do seu vínculo com o Estado, que se traduz na demora das suas titularizações na Função Pública, já lá vão mais de dois anos.
Segundo constatámos e admite o Governo, esta situação poderá comprometer o aproveitamento pedagógica dos cerca de 500 alunos matriculados no presente ano naquele nível.
Segundo dados apurados pela nossa Reportagem em Monapo, dos nove professores que haviam sido contratados pela Direcção Distrital de Educação para viabilização do “projecto” do governo de instalação do 2º Ciclo de Ensino Secundário Geral naquele ponto do país, somente dois é que estão a “resistir”.
As disciplinas cujos professores estão em falta são as de Português, História e Geografia, que pela especificidade do nível exige docentes com formação psico-pedagógica, não se podendo fazer qualquer tipo de “arranjo”, sob o risco de deformar o processo de ensino e aprendizagem.
A nossa Reportagem soube que os professores das cadeiras em alusão não regressaram à Monapo depois das férias escolares do ano passado, alegadamente porque a Direcção Distrital de Educação e Cultura não tem mostrado sinais de estar interessada nos seus préstimos.
Segundo consta, volvido dois anos, nenhum dos que abandonaram e os que ainda “ resistem” tem um vínculo oficial com o Estado, não obstante assegurem ter tratado os documentos para fins de efectivação junto do Tribunal Administrativo.
Como se isso não bastasse, e para “azedar” mais as relações entre o grupo e as estruturas ligadas ao sector da Educação no distrito, o ano passado um dos docentes foi recolhido à cadeia a mando daquela instituição por supostamente ter exigido o pagamento dos seus salários que, entretanto, tinham sido desviados pelo responsável administrativo, ora transferido para cidade-capital provincial.
“O que aconteceu é que a Educação teve a capacidade de recrutar muitos quadros, mas não teve a de retenção deles” - referiu uma fonte falando à nossa Reportagem na vila-sede distrital de Monapo.
Julieta Mepitia, directora distrital de Educação em Monapo, confirma a fuga dos seus professores, mas nega que tal resulte da falta de definição da situação de vínculo com o Estado.
“Eles abandonaram-nos porque, afinal, fizeram-se contratar no distrito enquanto eram bolseiros de outras províncias e que tinham a obrigação de lá voltarem depois da conclusão dos seus cursos superiores” - referiu Mepitia.
A nossa interlocutora reconhece que o futuro escolar dos cerca de 500 alunos do 2º Ciclo do Ensino Secundário Geral no distritos Monapo está comprometido e que para contornar a situação “fizemos um pedido à Direcção Provincial para efeitos de regularização e até agora estamos à espera da solução do problema” – explicou ela.
Esta posição é corroborada por Fernando Saíde, administrador do distrito que, contudo, lamentou essa fuga de quadros, porque segundo ele a sua permanência em Monapo constituía uma mais-valia para o desenvolvimento, sobretudo da educação, na região.