Expondo ainda mais a fragilidade da união entre os Estados árabes, o líder líbio, Muammar Kaddafi, abandonou a cimeira após ter acusado o rei Abdullah da Arábia Saudita, de ser um produto britânico e um aliado dos Estados Unidos.
Os líderes da Liga Árabe, reunidos esta segunda-feira em Qatar para a sua cimeira anual, foram unânimes na condenação do mandado de captura internacional contra o presidente sudanês, Omar al Bashir.
Mas houve pouco consenso noutras matérias, como o Irão ou a estratégia da Liga Arábe em relação a para Israel.
Uma ausência notável dos trabalhos em Doha foi a do presidente egício, Hosni Mubarak, que boicotou a cimeira num sinal de desagrado com a posição crítica de Qatar quanto ao papel do Egipto no recente conflito em Gaza.
Divisões
A antipatia do líder líbio pelo rei Abdullah remonta a um encontro antes da invasão do Iraque em 2003, quando o então príncipe saudita disse que o coronel Kaddafi era mentiroso.
No discurso para a abertura dos trabalhos da cimeira, Kaddafi disse que, seis anos depois, todos sabiam quem tinha, afinal, mentido.
"Após seis anos ficou provado que quem é mentiroso é você, a sepultura está à sua espera porque você é produto da Grã-Bretanha e são os Estados Unidos que o protegem", acusava Kaddafi.
As declarações proferidas pelo líder líbio provocou protestos do emir do Qatar, que acabaria por ordenar que os microfones da sessão fossem desligados.
Sudão
Antes, o presidente sudanês, Omar al-Bashir, agradeceu aos líderes árabes que condenaram o mandado de captura contra ele emitido pelo Tribunal Penal Internacional.
"Este apoio vai continuar, com a vontade de Deus, com a emissão de resoluções fortes e claras, sem quaisquer ambiguidades, rejeitando a decisão do TPI. Só desse modo se podem criar alicerces sólidos para a iniciativa de paz árabe e africana para Darfur", exigia o presidente sudanês, Omar al-Bashir.
Espera-se que os 17 líderes da cimeira da Liga Árabe em Qatar aprovem formalmente uma rejeição da decisão do TPI.
Contudo, outras questões como a instabilidade em Gaza, as divisões sobre o relacionamento com o Irão e a estratégia a adoptar para com o governo israelita de Benyamin Netanyahu, continuam, ainda em debate no encontro de dois dias em Doha.
BBC - 30.03.2009