A suposta “importação” de pessoas que não residiam na vila para provimento de vagas de vereadores de algumas áreas de actividades, está a criar instabilidade e mau estar entre as comunidades e as autoridades municipais da vila de Monapo, na província de Nampula. Enquanto alguns munícipes dizem estar defraudados pela situação, a edilidade defende-se afirmando que tudo foi feito na base da lei em vigor.
Os vereadores cuja nomeação não colhe consenso são os da área de Educação, Cultura Juventude e da Agricultura, Indústria e Comércio, respectivamente, Mato Ramadane e Yussufo Remane.
Segundo consta, o edil de Monapo, João Luís, terá deliberadamente “importado” Ramadane do vizinho distrito de Moma, sua terra natal, para provimento do cargo que este ocupa, enquanto que para Remane, a escolha foi feita na base de suposta amizade existente entre ambos. O último é gerente da companhia industrial de Monapo e é indiciado de maus tratos e de recusar-se a prestar qualquer tipo de apoio às populações no âmbito da responsabilidade social das empresas que actuam no país.
O assunto, que segundo as nossas fontes foi despoletado dias depois da tomada de posse dos novos órgãos municipais, está a ser tratado de forma que seja apresentado na primeira oportunidade que um membro do Governo provincial ou nacional chegue a Monapo.
Falando na condição de anonimato, um residente em Monapo disse à nossa Reportagem que foram os residentes locais que fizeram a campanha eleitoral que conduziu à vitória da Frelimo e seu candidato neste ponto do país. “Agora como é que vão buscar pessoas de outros cantos e interesses alheios às populações de Monapo para serem vereadores? Veja que o vereador da Agricultura, Indústria e Comércio não goza de popularidade por causa dos despedimentos arbitrários que faz dos seus trabalhadores na sua empresa, para além de estarmos perante uma situação em que ele deverá conciliar o cargo que ocupa com problemas relacionados à sua fábrica, o que pode ser complicado”.
Sobre a matéria, João Luís diz que o processo de nomeação dos vereadores, tanto os questionados como os outros quatro, foi feito dentro dos parâmetros legais.
Segundo o edil de Monapo, o vereador da área de Educação e Cultura é um professor, embora em regime de contrato, residente na vila municipal de Monapo.
Quanto ao da área de Indústria e Comércio, “ele é um empresário cuja experiência queremos aproveitar; o que acontece é que as pessoas não se habituaram a ver um indivíduo de origem asiática a fazer política, deve ser esta a preocupação das populações e nós queremos sossegá-las dizendo que não há problema nenhum, mesmo que haja situações onde os interesses dele se confrontem com o cargo que ocupa”.
PERSISTE A FALTA DE ÁGUA
O PROBLEMA da escassez de água para consumo constitui um dos principais problemas que actualmente afecta a maior parte das cerca de 60 mil pessoas que vivem na vila de Monapo. Esta questão, aliada aos sectores da educação, saúde e saneamento, foi das principais “bandeiras” da campanha eleitoral, prioridades que convenceram o povo a eleger o actual edil.
Confrontado com esta situação, o edil de Monapo, João Luís, disse que para o presente ano as prioridades vão para área de abastecimento de água, que passam pelo aumento do número das fontes actualmente existente que é de 49, para além das acções de iluminação pública nalguns bairros periféricos, como por exemplo o caso de Muaca, Quatro Caminhos, Nachicuva e Houane.
A implementação do Plano de Endereçamento das ruas e avenidas de Monapo é outra das prioridades das autoridades locais para o presente ano.- Assane Issa