A ILHA de Mayotte, localizada no Oceano Índico, decidiu domingo adquirir o "status" de província e aproximar-se mais da França, apesar da oposição das Comores, facto que ocorreu num referendo que pode pôr termo às tradições locais, como é o caso dos tribunais islâmicos e a poligamia.
Com 58,3 por cento dos votos contados, o "sim" vencia ontem com 94,1 por cento das preferências, contra apenas 4,6 por cento do "não", anunciou a prefeitura de Mayotte, informando que a taxa de participação na consulta popular foi de 60,81 por cento.
Os eleitores foram convocados para escolher se Mayotte se tornará ou não a 101ª província francesa e a quinta ultramarina a partir de 2011, na última etapa do processo iniciado em 1974, quando os habitantes da ilha decidiram continuar franceses, enquanto as três outras ilhas do arquipélago das Comores optaram pela independência.
O Governo das Comores, com o apoio da União Africana (UA), considerou o referendo "num território ocupado" como "nulo e sem valor".
O arquipélago vinha pedindo a Paris que renunciasse à soberania de Mayotte, o que não ocorreu, reduzindo ainda mais as probabilidades do sucesso do projecto comorense de "reunificação" das ilhas.
Entretanto, o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, expressou a sua "satisfação" com o triunfo do "sim", que considerou "um momento histórico para Mayotte e os mayotenses".
NOTA:
A democracia a funcionar. Aliás, acho que se a democracia podesse assim funcionar noutras regiões de África, e não só, talvez aparecessem resultados surpreendentes.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE