Sobre as mortes na cela da Polícia em Mongicual
* Alto Comissariado Britânico em Maputo subscreve posicionamento da UE “A Presidência da UE também solicita ao governo Moçambicano para considerar a questão de superlotação nas prisões e celas da polícia como um assunto de urgência” – lê-se num comunicado enviado ao «Canal de Moçambique» A Presidência da União Europeia (UE), “deplora” as “fatalidades” e expressou as suas “profundas preocupações” pelo “incidente” na cela da Polícia da República de Moçambique (PRM) na sede do distrito de Mongicual, na província de Nampula. No “incidente” a que se refere o comunicado da presidência da União Europeia morreram 12 reclusos, aparentemente por asfixia resultante da sobrelotação do espaço. Os detidos no mesmo espaço eram mais de 40. A área não dava para mais de 12 pessoas. Entretanto, “o Alto Comissariado Britânico (em Moçambique) subscreve o posicionamento da Presidência da União Europeia”, refere ainda a oficial de Imprensa, Relações Públicas e Boa Governação na Secção Política da embaixada inglesa na capital moçambicana, Sonia A. Muchate, num email enviado à Redacção do «Canal de Moçambique». Esta é a primeira vez que a organização europeia que engloba 27 países do velho continente se expressa publicamente em termos tão condenatórios sobre uma “fatalidade” em Moçambique com contornos políticos de grande gravidade, que chocou o país, e imputa responsabilidades ao governo e instituições por si tuteladas. As instalações em que os reclusos pereceram estão sob tutela do Ministério do Interior. A Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, pela voz do ministro do Interior do que diz ser o seu “governo sombra”, Rahil Khan, em conferência de Imprensa esta segunda-feira, em Maputo, exigiu que o vice-ministro do Interior do Governo, José Mandra, de quem alega ter partido a ordem para encarcerar as vítimas, deve ser responsabilizado. Pede ainda a demissão do ministro do Interior José Pacheco. Khan chegou ao ponto de chamar ao executivo do seu rival Frelimo “um governo de criminosos”. (Vsff Canal de Moçambique de ontem) No comunicado da Presidência da UE esta apresenta “as suas condolências às famílias enlutadas”. Lê-se no comunicado enviado ontem à nossa redacção que “a Presidência da UE, representada em Moçambique pela Suécia, teve conhecimento da morte de pelo menos12 prisioneiros em custódia da polícia (PRM) em Mogincual, província de Nampula aos 16 e 17 de Março” e “deplora estas fatalidades”. Por outro lado “expressa as suas profundas preocupações sobre o incidente e gostaria de apresentar as suas condolências às famílias enlutadas”. No mesmo comunicado lê-se que “a Presidência da UE comunicou as suas preocupações sobre os acontecimentos em Mongicual ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação” de Moçambique e “saúda a investigação iniciada sobre estes trágicos incidentes” ao mesmo tempo que “insta as autoridades Moçambicanas competentes a assegurar que esta seja compreensiva, transparente e completa de modo a levar os culpados de quaisquer crimes à barra da justiça”. O comandante distrital da PRM e o oficial mais graduado da Polícia de Investigação Criminal em Mongicual, já foi anunciado oficialmente que se encontram detidos. Numa outra passagem “a Presidência da UE também solicita ao governo Moçambicano para considerar a questão de superlotação nas prisões e celas da polícia como um assunto de urgência”. Esta não é a primeira vez que se registam acontecimentos graves do mesmo género em instalações a cargo de autoridades governamentais de Moçambique no Norte do País. CANAL DE MOÇAMBIQUE - 25.03.2009