ELEMENTOS do recém-criado Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e da Renamo envolveram-se em escaramuças na passada sexta-feira na sede desta última formação política na cidade da Beira, devido a uma pretensa entrega de 39 bandeiras da “perdiz” que ainda se encontravam em poder dos antigos delegados desta formação política ora filiados ao partido do edil da capital da província de Sofala, Daviz Simango, facto que se consumou mas depois de actos de pancadaria, gritaria e ofensas entre os membros de ambos partidos, situação que acabou se alastrando aos jornalistas que cobriam o acontecimento.
Abordado telefonicamente ontem pelo “Notícias” sobre o assunto, o delegado político da Renamo em Sofala, Fernando Mbararano, lamentou o sucedido, tendo classificado o acto de uma provocação de indivíduos que foram invadir as instalações do seu partido.
Lamentou, por outro lado, aquilo que considerou do distanciamento da Polícia para dirimir a ocorrência alegadamente por não se tratar de assuntos da sua alçada.
Por conseguinte, Mbararano garantiu que sempre que for provocada a Renamo vai agir em legítima defesa, tal como aconteceu no caso vertente, porque as autoridades se limitam a assistir impávidas e serenas a estes episódios que podem até ceifar vidas humanas. “Quem nos provoca vai levar” - sublinhou.
Segundo Mbararano, os dissidentes da Renamo que foram devolver bandeiras do seu partido deviam fazê-lo individualmente e o MDM não se deveria ter responsabilizado pelos símbolos que não lhes dizem respeito.
“É um acto provatório que mereceu o devido tratamento” - sentenciou o dirigente da “perdiz” em Sofala.
Facto curioso, segundo ele, é que ainda na manhã de ontem os partidários do MDM andavam de casa em casa instigando os membros da Renamo a entregarem lhes os respectivos cartões. Para o efeito, disse ter orientado os seus correligionários a agirem com base na lei que protege os partidos políticos, recorrendo-se às esquadras mais próximas.
SURPREENDIDOS
Também abordado ontem telefonicamente, Geraldo Carvalho, porta-voz do MDM, explicou que tudo começou quando a Renamo se queixou entre terça e quarta-feiras à Esquadra Policial da Munhava alegando que ex-antigos delegados seus nos 26 bairros da cidade da Beira ainda tinham na sua posse alguns símbolos, sobretudo bandeiras daquela formação política, pelo que deveriam ser notificados a devolvê-los.
“Receando que individualmente não fosse correcto, organizámos todos os 26 ex-delegados mais alguns também ex-representantes da “perdiz” para que a entrega ocorresse em simultâneo, mas a Polícia aconselhou-nos que, tratando-se de símbolos de partidos seria melhor que a entrega fosse em sede própria, ou seja, na sede da Renamo. Só que quando chegámos ao local e depois de tudo acordado fomos surpreendidos com paus e socos por elementos da Renamo comandados por Marques Brás e Manuel Bissopo. Pelo que entendemos, a principal motivação terá sido a presença dos homens da Imprensa pois eles (Renamo) não queriam que o assunto fosse do conhecimento público, tendo sido essa a principal razão pela qual terão também descarregado a sua fúria sobre os jornalistas” – explicou.
Depois da pancadaria entre os militantes dos dois partidos, a Renamo virou a sua fúria para alguns profissionais da comunicação social presentes na esperada cerimónia de entrega de símbolos do partido de Afonso Dhlakama, embora a tentativa de impedir o testemunho da situação não tivesse produzido vítimas a verdade é que alguns jornalistas foram fortemente vaiados, empurrados e ameaçados de espancamento.