PARTIDOS políticos filiados à coligação Renamo-União Eleitoral solicitaram à Renamo a convocação de uma conferência nacional com o objectivo de analisar o desempenho da organização e deliberar sobre o futuro desta com vista à sua participação no ciclo eleitoral que terá lugar este ano no país. Contudo, a Renamo condiciona a realização deste encontro a uma abertura de agenda do presidente do partido, Afonso Dhlakama, que se encontra a realizar visitas de trabalho às bases do partido, actividade que, segundo o porta-voz da “perdiz”, Fernando Mazanga, é a grande prioridade do momento.
Kalid Sidadt, líder do ALIMO, e um dos integrantes da União Eleitoral (UE), disse ontem ao “Notícias” que com vista a formalizar esta preensão, a UE, através dos seus mandatários, endereçou uma carta à Direcção da Renamo a formalizar o pedido do encontro que, na sua óptica, deverá ter lugar o mais cedo possível.
“A UE produziu, nos últimos dias, dois documentos. O primeiro a solicitar o encontro com a Renamo para se debater a vida da Renamo-União Eleitoral (RUE) e outra a Direcção da Assembleia da República com vista a se esclarecerem as mudanças unilateralmente operadas pela Renamo na bancada parlamentar da oposição naquele órgão legislativo”, explicou a fonte.
Enquanto isso, a Renamo, na pessoa do seu porta-voz Fernando Mazanga, confirma a recepção do pedido da União Eleitoral. Porém, a “perdiz” condiciona a realização do encontro a disponibilidade da agenda do presidente do partido, Afonso Dhlakama. “Efectivamente recebemos o pedido dos partidos da nossa coligação. Contudo, será o presidente do partido a decidir sobre a realização ou não do referido encontro. Tudo depende da agenda dele. Nós, neste momento, temos uma grande preocupação, que é ter o presidente junto das bases, o que está a acontecer agora. A realização da reunião da Renamo-União Eleitoral depende do espaço que o presidente Dhlakama tiver no trabalho que está a fazer no terreno. Só ele pode decidir isso”, sublinhou Mazanga.
De referir que em meados do ano passado a Renamo, através do seu presidente, Afonso Dhlakama, pronunciou-se contra a continuidade da coligação da sua formação político com alguns dos partidos da oposição não armada que constituem a União Eleitoral. Esta posição foi na altura desvalorizada por este grupo, alegando que a UE estava já a trabalhar na estratégia visando a sua participação nos próximos pleitos eleitorais a ocorrerem no país.
Com efeito, movimentos internos começam a ganhar corpo no sentido de assegurar uma maior organização no seio do grupo, actividade que vai culminar com o desenho de acções que vão viabilizar a participação da organização nos próximos eventos eleitorais, nomeadamente eleições provinciais e gerais.
Na ocasião, os líderes da UE consideraram ser prioritário consolidar as bases visando o sucesso nas eleições deste ano.
Contudo, estes chamaram atenção para o facto da UE estar a trabalhar em colaboração com a Renamo, uma vez que o acordo de coligação com a “perdiz” continua vigente até ao final do presente mandato.
“Nas últimas eleições os partidos da União Eleitoral assinaram um pacto com a Renamo para a participação da RUE nas eleições autárquicas de 2003 e gerais de 2004. Tal acordo termina no final do mandato, isto é, este ano. Caso a Renamo queira continuar connosco, estamos abertos, mas se não for essa a sua intenção estamos dispostos a concorrer e com meios próprios”, assegurou um dos líderes da organização.
Fazem parte da União Eleitoral sete partidos políticos, nomeadamente PUN, ALIMO, FAP, PRD, PEMO, UNAMO e PLDM.
Hipólito Couto foi eleito no ano passado para líder da coligação, no âmbito na criação de estruturas directivas da organização.