DUAS empresas que se uniram no projecto de bio-combustíveis, na província de Inhambane, nomeadamente a BACHIR JATROPHA e ENERTERRA, abandonaram 148 trabalhadores e 24 agricultores privados que se dedicavam à produção de jatropha para alimentar as fábricas que haviam sido projectadas.
No quadro do consórcio constituído em Dezembro de 2007, a primeira empresa, de capitais estrangeiros, tinha como responsabilidade injectar fundos para a implementação do projecto e a segunda devia prestar assistência técnica aos agricultores privados, como assim garantir a comercialização da sua produção.
Dados apurados pelo nosso Jornal dão conta de a ameaça do colapso do projecto resultar do facto de a Bachir Jatropha ter ficado sem capacidade para pagar salários aos 148 trabalhadores e agricultores privados espalhados pelos vários distritos da província onde prestam actividades em mais de 100 hectares, dos quais 70 já plantados.
Bachir, patrono da Bachir Jatropha, admitiu à nossa Reportagem o colapso do empreendimento, alegadamente porque, de acordo com as suas palavras, o financiador decidiu desistir da província de Inhambane sem justificação plausível. Este facto, segundo afirmou, foi já comunicado ao Governo provincial e aos governos distritais, onde foram concedidas áreas para o fomento da jatropha para a produção de bio-combustíveis.
“Não temos explicações plausíveis da razão do abandono do nosso parceiro no projecto, pois a correspondência por cartas que temos vindo a receber não diz com detalhes as principais motivações para a sua retirada da província, deixando os trabalhadores sem salários e extensas áreas com plantas”, disse.
Referiu, no entanto, que de há um tempo para cá a ENETERRA está à procura de caminhos para transferir as suas actividades para a província de Sofala, onde se pensa que há mais terras para a execução do projecto. O nosso interlocutor é de opinião que antes de abandonar as actividades em Inhambane e procurar novas áreas em Sofala, era necessário que o seu parceiro procurasse resolver o problema dos trabalhadores que desde Fevereiro último estão sem salário.
No entanto, junto dos trabalhadores afectos no viveiro de Salela, arredores da cidade de Inhambane, a nossa Reportagem soube que o problema da falta de entendimento entre os dois parceiros, sobretudo na gestão de fundos do projecto já que, conforme assinalaram, a ENETERRA exige da Bachir Jatropha justificativos de montantes disponibilizados para financiar as actividades do empreendimento. Trata-se, conforme anotaram, de um problema que vem sendo discutido entre as partes através de cartas.
Estes factos foram confirmados por Bachir, o qual indicou ter recebido uma comunicação da sua contraparte a solicitar justificativos de alguns fundos por forma a dar seguimento às suas actividades. “Portanto, não se trata de uma rescisão do contrato com a Bachir Jatropha”, conforme explicou.
Tentativas para a confirmação da falta de entendimento entre as duas empresas que trabalham no fomento de jaropha em Inhambane, Filipe Francisco, da ENETERRA, disse em contacto com a nossa Reportagem, via telefónica, que o administrador da empresa se encontrava em Portugal em serviço, podendo esclarecer o problema assim que regressar ao país.