Uma análise sobre a publicação da Carta Pastoral dos Bispos Católicos de Moçambique
Por: Raúl Chambote* 28.08.2008
1. Nota Introdutória
O argumento-chave desta análise centra-se na idéia de que a religião tem implicação forte na vida política, sócio-económica e cultural nos países Africanos, e Moçambique não foge à regra. Por isso, defende-se que o papel da religião na promoção da democracia, paz e estabilidade e desenvolvimento não deve ser entendido como interferência em assuntos políticos ou seculares. E mais, há necessidade premente que as instituições de ensino superior em Moçambique e as instituições religiosas de ensino abram as portas e universalizem o conhecimento de Teologia, que neste país, tem sido privilégio exclusivo de Sheikhs, Pastores e Padres, para que se renove o debate político sem se incorrer na diabolização das lideranças políticas, nem, à exclusão incoerente das lideranças religiosas. Por causa da limitação dos políticos em compreender a linguagem política da religião, o presente texto convida os Moçambicanos ao debate construtivo em torno dessa temática para a consolidação dos sucessos alcançados tanto na esfera política como religiosa para o bem da maioria.
Muitas vezes ouvimos dizer, quer dos que não pertencem a nenhuma religião quer dos que não acreditam no papel da religião, que esta não deve imiscuir-se em assuntos políticos e económicos, visto que esses são áreas exclusivamente seculares. Nos nossos dias, políticos, juristas e até algumas lideranças religiosas associam-se a esse tipo de pensamento, clamando, de facto, que questões políticas, sob a perspectiva de democratização, ou/ e esforços de desenvolvimento económico são de esfera de responsabilidade do poder temporal (Estado), e que a religião se ocupe do poder espiritual, ou melhor, conforte os fiéis. Pode ser que alguma vez esse tipo de afirmações tenham tido sentido. Contudo, essa maneira de pensamento pode desorientar as pessoas, e mais, não ajuda nem a juventude e nem a sociedade, em geral, sobretudo, quando se fala sobre processos de democratização e desenvolvimento integral de indivíduos em África e, particularmente, em Moçambique.
2. Vivemos na outra margem Leia em: Download Infaliveis ou Inflamaveis by Raul Chambote 2008