O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, congratulou-se, Terça-feira, com o facto de a população da localidade de Nkalapa, no distrito de Mavago, província nortenha de Niassa, estar determinada a valer-se da experiência adquirida durante a luta contra a dominação colonial estrangeira para vencer a batalha contra a pobreza.
Nkalapa foi uma das primeiras zonas libertadas em Moçambique pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) da dominação portuguesa. Foi também nesta localidade que a Frelimo implantou uma das suas importantes bases, a “Base Beira”.
Por isso, quando são volvidos cerca de 40 anos, Guebuza aproveitou a ocasião para recordar a fase que, naquela região, combateu as forças opressoras. Dirigindo-se a centenas de residentes de Nkalapa e outros idos de vários outros pontos do distrito de Mavago, Guebuza disse ser importante valorizar aquele local histórico, e usar a sua inspiração para vencer a pobreza, seu actual inimigo, que continua a flagelar muitos moçambicanos, não obstante a riqueza natural do país, tais como solos férteis, água abundante e recursos minerais.
Vários residentes confirmaram, em comício popular, ter testemunhado o momento que jovens moçambicanos, incluindo o próprio Guebuza, passaram por aquelas terras determinados a expulsar os colonos, para tornar o país independente, o que veio a acontecer em Junho de 1975. “Nessa altura reuníamo-nos debaixo de árvores por temer os ataques da aviação colonial. Mas, hoje, estamos aqui reunidos livremente, porque lutamos e vencemos.
Houve a guerra civil que também foi ultrapassada. Hoje, o inimigo é a pobreza, que será vencida desde que estejamos unidos e determinados a explorar a nossa riqueza natural e mesmo humana como aconteceu no passado”, disse Guebuza, no seu segundo dia de visita de trabalho de cinco dias a Niassa.
Alguns residentes, cite-se como exemplo Fátima Buana, manifestaram a sua satisfação com o executivo de Guebuza, afirmando que “o Presidente recorda-nos como é que juntos sofremos e vencemos o colonialismo e, hoje, podemos afirmar que é consigo (presidente) que sempre trilharemos caminhos vitoriosos”.
Guebuza referiu, numa das suas intervenções em Nkalapa, que um dos caminhos descobertos pelo Governo na luta contra a pobreza é dar espaço aos distritos para que sejam eles próprios a escolher os projectos que tencionam desenvolver. Segundo Guebuza, essa e’ a razão da existência em todos os distritos Conselhos Consultivos para ajudar a identificar os projectos suportados pelo orçamento de investimento de iniciativas locais, vulgo sete milhões de meticais (cerca de 270 mil dólares), cujo objectivo e’ a criação de emprego e produção de comida.
Para além deste montante, o Governo disponibiliza a cada um destes distritos 2,3 milhões de meticais para infraestruturas. O distrito de Mavago, por exemplo, conseguiu, graças a estes fundos, alargar a base tributária como resultado do incremento da actividade económica. Assim, as receitas duplicaram, tendo atingido 94 mil meticais contra os 43 mil anteriores.
Um antigo combatente, que se apresentou apenas com o nome de Saide, também vincou que “os rios e montanhas que juntos atravessamos na altura da luta pela independência, podemos atravessálos hoje rumo ao fim da pobreza”. Contudo, ele pediu maior flexibilidade na regularização e fixação de pensões dos antigos combatentes.
Em todo o distrito de Mavago vivem 750 combatentes de luta de libertação nacional, dos quais 471 já recebem as suas pensões e 279 ainda aguardam pela sua afixação. Neste encontro, foram levantados outros problemas tais como o avançado estado de degradação das vias de acesso, a inexistência de uma rede de telefonia móvel ou mesmo fixa, a falta da ligação deste distrito a rede nacional de energia eléctrica, entre outros.
Ainda na Terça-feira, o estadista moçambicano inaugurou uma ponte sobre o rio Luatize, ao longo da estrada de terra batida que liga a capital provincial, Lichinga, e a sede do distrito de Mavago, empreendimento orçado em 3,8 milhões de meticais. A ponte tem capacidade para servir camiões, algo que não acontecia anteriormente. Porem, a rede de estradas neste distrito ainda é praticamente pobre.
A AIM soube que esta rede cobre uma extensão de 309 quilómetros, dos quais no período chuvoso apenas 50 são transitáveis. Este problema constitui um grande desafio para o Governo distrital, que gasta muitos recursos na reabertura de troços danificados. Devido a deficiências das vias de acesso, Mavago carece de transporte semicolectivo de qualidade para a sua população que recorre a viaturas de caixa aberta.
O distrito também regista graves problemas no fornecimento de água, tendo em funcionamento apenas oito furos, que corresponde uma taxa de cobertura de 29,5 por cento. A rede de telefonia móvel ou fixa e’ inexistente em Mavago, possuindo apenas tês rádios de comunicação. Mavago é um distrito localizado na área da Reserva do Niassa com diversas espécies faunísticas.
O distrito é rico em recursos minerais, entre os quais, Rubi e Granada, que têm sido alvo de exploração ilegal. Hoje, Guebuza trabalha nos distritos de Mecula e Majune. Na tarde de Quinta-feira, Guebuza desloca-se a cidade de Cuamba, onde permanecerá ate Sextafeira.
@VERDADE - 30.04.2009