O ZIMBABWE suspendeu a circulação da sua moeda por um período de pelo menos um ano, noticiou domingo, o jornal “Sunday Mail”, citado ontem pela AIM. Segundo a fonte, em Janeiro último, as autoridades zimbabweanas autorizaram o uso múltiplo de moedas estrangeiras, para tentar conter a hiper-inflação, que tinha disparado para mais de 230 por cento, inutilizando o dólar Zimbabwe.
Segundo o “Sunday Mail”, o governo de Harare decidiu que o dólar zimbabweano apenas será reintroduzido quando a produção industrial atingir cerca de 60 por cento da sua capacidade instalada, que actualmente está calculado em apenas 20 por cento.
“O dólar zimbabweano estará fora da circulação durante pelo menos um ano. Decidimos que não há planos imediatos para a sua reintrodução, porque não existe nada para manter e apoiar o seu valor”, escreveu o “Sunday Mail”, citando o ministro da Planificação Económica e Desenvolvimento, Elton Mangoma.
“Primeiro, temos como enfoque assegurar uma indústria vibrante. Se tentarmos reintroduzir a moeda local agora, vai sofrer a mesma sorte e perder o seu valor dentro de poucas semanas”, explicou o ministro.
Na semana passada, o Gabinete Central de Estatísticas (CSO) anunciou que em Março, e pelo terceiro mês consecutivo, o índice de preços do consumidor no Zimbabwe registou a queda mais acentuada desde que o governo decidiu abandonar a sua moeda.
De acordo com o CSO, em Março a inflação acumulada foi de -3 por cento, contra -3,1 por cento registado em Fevereiro. Esta queda deve-se fundamentalmente a descida de preços dos produtos alimentares.
Actualmente, o Zimbabwe está à procura de uma injecção financeira de dois biliões de dólares para estabilizar a sua economia, que é caracterizada por um índice de desemprego superior a 90 por cento, e por uma escassez crónica de divisas.
Os países ocidentais continuam a condicionar a ajuda ao Zimbabwe à adopção de reformas políticas e económicas concretas.
Em Janeiro, como resposta a inflação galopante, o Zimbabwe legalizou o uso da circulação da moeda estrangeira, incluindo o pula do Botswana, o rand sul-africano, o dólar norte-americano, o euro e a libra britânica. Imediatamente, o dólar zimbabweano saiu fora da circulação nessa altura.
Nos últimos dois anos, o Banco Central do Zimbabwe retirou 22 dígitos da sua moeda nacional como forma de tentar conter a inflação.
A nota de maior denominação, que chegou a circular no Zimbabwe, tinha o valor facial de 10 triliões de dólares zimbabweanos, que não chegava nem para comprar um pão.