CENTO e vinte e cinco famílias residentes do posto administrativo de Bilibiza, distrito de Quissanga, em Cabo Delgado, decidiram abandonar a sua aldeia, Nraha, para fugir das sistemáticas incursões de elefantes que se movimentam no Parque Nacional das Quirimbas (PNQ).
A movimentação daquela comunidade para zonas mais seguras iniciou em finais de Abril último, com a perspectiva de assegurar que a população continue a praticar as suas actividades de subsistência, nomeadamente a agricultura, e as crianças tenham mais tempo para se dedicar aos estudos.
A zona de Nraha, segundo fonte do PNQ, é uma das que mais se ressente do conflito Homem –, no caso elefantes, o que não só anula grande parte dos esforços das comunidades na produção agrícola, reduz o tempo disponível para as crianças irem à escola, uma vez que se tinham de ocupar com o afugentamento dos animais nas machambas.
A Comunidade de Nraha, segundo a nossa fonte, vai reassentar-se ao longo da estrada de Bilibiza, próximo da aldeia de Namadai, zona com baixa frequência de elefantes nas machambas.
O reconhecimento daquela zona do PNQ como um corredor de elefantes resulta das cíclicas campanhas de contacto e sensibilização das populações promovidas pela equipa do parque, que assume a decisão da comunidade de Nraha como consequência directa do seu trabalho de sensibilização.
Para Canja Ali, secretário de aldeia de Nraha, a deslocação da população para um novo assentamento em Namadai, a “nova Nraha”, é uma decisão que já era de esperar, uma vez que a zona era reconhecida por todos como uma área com elevado índice de movimentação de elefantes.
Segundo ela, a estrutura local tem estado a trabalhar com o Governo distrital de Quissanga, com vista à operacionalização do processo de transferência e reassentamento da população de Nraha em local mais seguro, sendo pretensão do grupo tornar a nova aldeia referência a nível de Quissanga, tanto em termos organizacionais como estruturais.
Uma das respostas do Governo distrital foi dada em meados de Abril, com a constituição de equipa envolvendo elementos do PNQ e do Governo distrital, responsável pela identificação e demarcação das áreas a serem ocupadas pelos reassentados.
Por seu turno, Armindo Araman, responsável do Programa de Elefantes no Fundo Mundial para a Natureza, assume que a decisão da população de se movimentar para "Nova Nraha" deve-se, por um lado, ao trabalho rotineiro de sensibilização que o PNQ tem vindo a desenvolver a nível das comunidades e, por outro, à coragem da própria comunidade que decidiu partir em defesa dos seus membros e bens.
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