Firmino Mucavele considerou durante uma Palestra O Professor Doutor Firmino Mucavele, economista e agrónomo, defendeu ontem, em palestra que proferiu na Direcção Geral das Alfândegas em Maputo, que em Moçambique ainda não há sinais revolução verde e tão pouco estão criados os alicerces para que a revolução verde ocorra. Dentre várias razões que impedem que a propalada revolução verde se efective no país, Mucavele apontou a falta de investimentos no sector da agricultura. Académico investigador e docente universitário, Firmino Mucavel desafiou os presentes na palestra e a quem quer que seja, a provar que em Moçambique está havendo revolução verde. Durante uma alocução que durou mais de um hora e meia, o palestrante apresentou o tema da forma mais clara possível, tendo dividido a apresentação em 4 unidades, nomeadamente, problemas do desenvolvimento agrário; definição e conceito da revolução verde; alicerces para a revolução verde e; o que fazer e para que a revolução verde seja uma realidade em Moçambique. Mucavel definiu Revolução Verde como sendo “a inovação, invenção e disseminação de novas sementes e práticas agrícolas que permitem um aumento na produção e produtividade agrícola em países menos desenvolvidos ...”. O professor defendeu que isso ainda não aconteceu em Moçambique e vaticinou que ao ritmo a que estão a acontecer as coisas, o crescimento da produção agrícola nunca irá alcançar o crescimento da população, se não houver mudanças substancias, a todos os níveis. O palestrante disse que para se afirmar que há uma Revolução Verde é preciso que se a produção de um determinado tipo de cereais for de 10 toneladas, por exemplo, após a revolução a produção deve passar para 100 mil toneladas. Neste contexto, o palestrante sustentou que em Moçambique não está a acontecer Revolução Verde nenhuma, tal como se tem defendido em vários discursos políticos. Firmino Mucavel disse ainda que tem entrado em contradição com muitos quadros do Ministério da Agricultura e administradores distritais, que defendem que Moçambique já está a conhecer resultados da revolução verde. Condições para haver revolução verde De entre vários aspectos que apontou serem necessários para que uma Revolução Verde de facto ocorra em Moçambique, Mucavele falou da necessidade de se investir no sector agrícola, o que até ao momento ainda não aconteceu. Falou da necessidade de se introduzir no ensino primário uma cadeira que ensine as ciências agrárias; falou da necessidade de se investir em tecnologias agrárias; do desenvolvimento da conciliação de culturas, do uso de fertilizantes e pesticidas; do melhoramento de plantas; da pesquisa agrária, entre outros pontos. Para o economista agrónomo, só depois que isso seja feito em Moçambique é que poderá haver uma revolução verde. Problemas de desenvolvimento agrário em Moçambique O palestrante defendeu a necessidade de haver uma revolução verde em Moçambique, e enumerou uma série de problemas que poderiam ser resolvidos caso se efectivasse esse desejo. Disse, por exemplo, que “em Moçambique, 90% do baixo índice de pensamento é devido fome; 60% dos conflitos são devidos à fome; 70% das doenças é devido à fome; 80% da baixa produtividade é devido à fome”. Por estas e outras razões, Firmino Mucavele julga ser necessária a Revolução Verde em Moçambique, mas alerta que nos termos em que as coisas estão a acontecer, “nunca iremos alcançar a tão desejada revolução verde”. O palestrante pediu, o entanto, paciência e colaboração a todas as forças vivas da sociedade moçambicana para que a revolução verde se efective no país. Reiterou que “nunca haverá Revolução Verde sem que as condições que enumerou se efectivem”. A palestra foi organizada pela Autoridade Tributária de Moçambique e decorreu sob o lema “Revolução verde como opção de desenvolvimento agrário: o caso de Moçambique”. Contou com participação de quadros séniores das alfândegas de Moçambique, para além da imprensa. O orador é actualmente director do gabinete para a reforma académica e integração regional na Universidade Eduardo Mondlane; já foi director executivo da NEPAD entre 2005 a 2008 e conselheiro do presidente da República entre 2000 a 2006, dentre várias outros cargos. (Borges Nhamirre) CANAL DE MOÇAMBIQUE – 27.05.2009