Após proposta da UNITA
Lisboa – O projecto da UNITA, a ser apresentado ainda este mês no parlamento angolano, prevê que seja auferida a Cabinda uma autonomia efectiva, política e administrativa. Bento Bembe, Raul Danda e a FLEC já reagiram.
Numa entrevista à radio Voz da América, VOA, António Bento Bembe, ministro sem pasta angolano, líder do Fórum Cabindes para o Dialogo, FCD, General na reserva, minimizou a proposta da UNITA a qual considera de demagógica, acrescentando: «as regras do jogo estão definidas, eles (UNITA) devem entrar nesse jogo e fazer esse jogo».
Para o líder o FCD Cabinda «já tem um Estatuto Especial» que considera como «autonomia de certa forma» a qual já é um estatuto por si mesma e lembra que «quando se fala de autonomia são várias as autonomias e de várias dimensões».
«O nosso povo já se pronunciou sobre o Estatuto Especial nas eleições de Setembro.
Estamos numa fase em que temos de viver juntos, devemos dialogar e cooperar, não devemos avançar em princípios e falar de coisas quando não é o momento próprio e o lugar próprio» disse Bento Bembe na entrevista à VOA.
«O discurso da UNITA não é de hoje, é um discurso antigo» afirmou o líder do FCD, «sabemos quais foram as atitudes da UNITA depois desses discursos todos. Quem me garante que a UNITA faz essas declarações por um amor sincero por Cabinda? A UNITA não é sincera.»
Também através da antena da VOA Raul Danda, deputado da UNITA pelo círculo eleitoral de Cabinda, disse que o acordo feito pelo FCD de Bento Bembe «foi um acordo que toda a sociedade civil reprovou., assim como a FLEC reprovou, por falta de legitimidade. O acordo foi mal negociado, isso se alguma vez foi negociado, e pior concluído».
Segundo o deputado da UNITA, ex porta-voz da extinta Mpalabanda, o seu partido quer uma autonomia real para Cabinda, não só administrativa e financeira, mas também uma autonomia política que permita ao povo decidir o seu destino, acrescentado que há pessoas que ainda têm medo ao termo autodeterminação.
Para Raul Danda a guerra em Cabinda pode continuar, mas nem Angola nem a FLEC vão vencer a guerra, e lembra que a FLEC já se pronunciou por diversas vezes que está disposta a pôr termo ao conflito para dialogar. Assim, para o deputado da UNITA «devemos experimentar esta opção sem a impor ao povo de Cabinda. O Estatuo Especial deve ser discutido com as populações e não imposto» disse.
Num comunicado difundido à imprensa, assinado por Osvaldo Franque Buela, director do gabinete da presidência de Nzita Tiago, afirma que a FLEC «tomou conhecimento» do ante projecto de Isaías Samakuva, e apela os seus simpatizantes a «pensar cabindesa». No mesmo documento afirma também que devem «estar vigilantes» para garantirem «as aspirações legítimas do Povo de Cabinda e o direito de se pronunciar sobre o seu destino».
A FLEC «permanece fiel à realização de uma concertação nacional intercabindesa com vista a definir conjuntamente e ter em conta a vontade manifesta do Povo de Cabinda por uma solução negociada, e, continua a pedir ao governo angolano do MPLA a mesma coisa que os portugueses haviam feito em Alvor com os três movimentos de libertação angolanos» avança o mesmo comunicado.
Em debate está também a consulta popular do estatuto ideal para Cabinda através de um referendo que seria o preambulo da autodeterminação do povo de Cabinda. Uma hipótese também ainda não prevista na Constituição angolana.
Por outro lado está também em discussão o tipo de autonomia ideal para Cabinda. Enquanto o Estatuto Especial, supostamente já em aplicação, defendido por Bento Bembe não obtém unanimidade, sistemas autonómicos como da ilha da Madeira ou Açores já foram por diversas vezes citados. Outros casos de regiões autónomas são igualmente avançados, tais como da Córsega e os DOM-TOM em França, Catalunha e País Basco em Espanha, ou mesmo o sistema federativo dos Estados Unidos da América ou do Brasil.definitivamente em pôr termo a toda e qualquer hipocrisia política sobre a causa
(c) PNN Portuguese News Network – IMBINDA – 26.05.2009